Ausência de Fejsa, uma constante nas séries negativas do Benfica
Seis meses depois, os “encarnados” repetem um ciclo de cinco jogos com um triunfo apenas. Num plantel recheado de soluções para o ataque, continua por resolver um problema que se tem arrastado: uma alternativa para a posição seis.
Minuto 74 do Benfica-Sp. Braga de anteontem. Filipe Augusto é substituído por Jonas e, no trajecto até à linha lateral, responde com aplausos aos assobios que sopraram das bancadas do Estádio da Luz. Um sintoma de clara insatisfação dos adeptos com o rendimento colectivo, naturalmente, mas também com a prestação individual do médio brasileiro. Ele, que nesta época tem sido chamado regularmente a desempenhar a posição seis, não tem sido capaz de fazer esquecer Fejsa. E a equipa tem-se ressentido.
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Minuto 74 do Benfica-Sp. Braga de anteontem. Filipe Augusto é substituído por Jonas e, no trajecto até à linha lateral, responde com aplausos aos assobios que sopraram das bancadas do Estádio da Luz. Um sintoma de clara insatisfação dos adeptos com o rendimento colectivo, naturalmente, mas também com a prestação individual do médio brasileiro. Ele, que nesta época tem sido chamado regularmente a desempenhar a posição seis, não tem sido capaz de fazer esquecer Fejsa. E a equipa tem-se ressentido.
No momento da derrota, sobram dedos acusadores, bodes expiatórios e explicações para todos os gostos. Mas se há algo que o mau momento que o Benfica atravessa tem em comum com outros ciclos negativos, desde que Rui Vitória chegou ao Seixal, é a ausência de um jogador que consiga desempenhar com idêntica qualidade o papel de Fejsa quando o sérvio está indisponível. Olhando para o plantel do campeão nacional, as opções mais óbvias apontam para André Almeida (que tem sido utilizado como lateral direito, depois da venda de Nelson Semedo), Samaris e Filipe Augusto.
Desde a pré-temporada que Rui Vitória foi dando indicações de que apostaria no brasileiro. E a escolha confirmou-se ao quarto encontro oficial, com a lesão — mais uma — de Fejsa. Sem o internacional sérvio no “onze”, os “encarnados” iniciaram então um ciclo que, até à data, contemplou duas vitórias, dois empates e outras tantas derrotas — ou, noutra perspectiva, apenas um triunfo nas últimas cinco partidas.
É possível encontrar a mesma tendência na série anterior de resultados menos positivos do Benfica. Há seis meses, na segunda metade da época passada, as “águias” viveram um período semelhante: entre os dias 8 de Março e 5 de Abril registaram três empates, uma derrota e somente uma vitória. Uma sequência de jogos em que o treinador ribatejano não pôde contar com Fejsa, a recuperar de lesão.
Quase 70 jogos falhados
No tradicional 4x4x2 utilizado por Rui Vitória, com os extremos bem abertos, o corredor central fica muitas vezes exposto e torna-se mais permeável às transições ofensivas do adversário. Um problema que se agrava quando o internacional sérvio (exímio na ocupação dos espaços e na forma como trabalha sem bola) não está presente e que acaba por condicionar também o momento da organização ofensiva, já que Pizzi, obrigado a baixar no terreno para ajudar Filipe Augusto em tarefas defensivas, fica mais distante do último terço e já não é capaz de fazer a ligação com o ataque com tanta velocidade e qualidade.
Há outros números, de resto, que ajudam a atestar a importância de Fejsa no actual modelo de jogo do Benfica. Sob as ordens de Rui Vitória, os “encarnados” somaram até à data (às duas épocas anteriores juntam-se as nove partidas já disputadas em 2017-18) 31 jogos sem ganhar. Desses 31, Fejsa ficou de fora em 19. Uma proporção que se agrava se excluirmos desta contabilidade os encontros da Liga dos Campeões, em que as possibilidades de vencer se reduzem em função do nível mais elevado da competição. Neste cenário, o sérvio falhou 15 dos 21 encontros em que a equipa não conseguiu triunfar, ou seja, o Benfica não foi capaz de ganhar 71,4% dos jogos em que não contou com o médio defensivo.
Levando em linha de conta a importância do elemento da posição seis e, em particular, a influência de Fejsa no “jogar” idealizado por Rui Vitória, não deixa de ser surpreendente que o Benfica não se tenha reforçado neste sector ao longo dos últimos anos. Filipe Augusto, que pode desempenhar diferentes funções no meio-campo, chegou em Janeiro e não tem agarrado as oportunidades mais recentes; e Samaris, que se notabilizou mais como um jogador da posição oito, também tem provado não ser solução.
A não ser que Rui Vitória retire um coelho da cartola, a probabilidade de este quebra-cabeças se repetir ao longo da época é elevada, tendo em conta o historial de lesões de Fejsa. Operado ao ligamento cruzado anterior do joelho direito em 2014-15, o sérvio já acumulou desde então lesões no tornozelo e na tibiotársica, para além de problemas musculares. No total, ao longo das quatro temporadas que já leva em Portugal, falhou nada menos do que 67 partidas, tendo enfrentado mais de um ano de paragem.
Diante do Sp. Braga, na quarta-feira, Fejsa regressou à convocatória e assistiu ao empate a partir do banco. Um sinal de que poderá estar de volta ao “onze” já amanhã, frente ao Paços de Ferreira, para o campeonato. Se for o caso, é muito provável que receba dos adeptos uma reacção oposta àquela a que Filipe Augusto teve direito.