Algoritmo da Amazon junta ingredientes necessários para criar uma bomba

A empresa de compras online sugere aos utilizadores vários componentes químicos que quando combinados entre si levam à criação de um engenho explosivo.

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Reuters/Carlos Jasso

A empresa de compras online Amazon está a sugerir aos seus utilizadores artigos, que combinados entre si, levam à criação de um engenho explosivo. Isto acontece porque, através de um algoritmo, a Amazon apresenta aos utilizadores artigos em que possam estar interessados, baseando-se em itens que foram visualizados pelo utilizador.

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A empresa de compras online Amazon está a sugerir aos seus utilizadores artigos, que combinados entre si, levam à criação de um engenho explosivo. Isto acontece porque, através de um algoritmo, a Amazon apresenta aos utilizadores artigos em que possam estar interessados, baseando-se em itens que foram visualizados pelo utilizador.

Apesar destes produtos serem comercializados em lojas e não causarem danos quando utilizados por si só, a empresa de compras recomenda a combinação de vários produtos para elaborar o explosivo. A investigação foi realizada pelo canal de televisão britânico Channel 4 e deixou um antigo membro do exército do Reino Unido, responsável pela neutralização de bombas, preocupado com a situação.

"Estou particularmente preocupado que a Amazon permita que isto aconteça", afirmou ao canal de televisão Chris Hunter.

"Quando ouvimos falar em componentes de bomba estarem disponíveis na nossa cozinha ou pelo nosso jardim, pensamos que não podem ser muito poderosos ou perigosos", explicou Hunter. Porém, para o antigo militar, "se alguém souber o que está a fazer é muito fácil criar um engenho explosivo muito poderoso".

De acordo com a investigação do canal britânico, pólvora e termite (um composto explosivo) surgem associados na secção de “frequentemente comprados em conjunto” quando alguém procura por produtos químicos.

A responsável pelos Assuntos Internos no Parlamento do Reino Unido, Yvette Cooper, diz-se "chocada" com a situação. Sendo uma das maiores empresas de venda online – com 35,7 mil milhões de euros em vendas durante os três primeiros meses do ano – Yvette Cooper afirma que a Amazon tem “algoritmos muito sofisticados que deveria utilizar para prevenir estas situações”.

Yvette Cooper acrescentou que “é muito perturbador” saber que uma empresa possa ajudar indivíduos a criar engenhos explosivos.

Entre os produtos listados estão ainda cabos e conectores de bateria, bem como interruptores.

Ao Channel 4, a responsável dos Assuntos Internos no Parlamento frisou que “a radicalização online é um assunto sério e em crescimento". Para Yvette Cooper e Chris Hunter é necessário criar normas para prevenir estes casos. 

A lei britânica estabelece directivas relativamente à venda e compra de substâncias explosivas, bem como a quantidade de uma determinada substância que um individuo pode produzir. No caso da pólvora, um indivíduo só pode produzir 100 gramas desse produto. 

Questionado sobre o sucedido, a Amazon explicou: “Todos os produtos vendidos na Amazon têm de estar de acordo com as nossas directivas, que vão ao encontro das leis do Reino Unido”.

“Vamos trabalhar em colaboração com as autoridades caso a nossa ajuda seja necessária em futuras investigações”, acrescentou a empresa norte-americana.

Na sexta-feira, uma bomba artesanal explodiu numa carruagem do metro de Londres, deixando várias pessoas com queimaduras devido à explosão. O engenho explosivo falhou na detonação, evitando que o incidente assumisse maiores proporções. O ataque foi reivindicado pelo Daesh.