Deixe os binóculos à mão. É tempo de observar as aves a abandonarem o país
Há muitas actividades espalhadas por Portugal para poder observar as migrações, uma altura em que "tudo pode acontecer nos céus".
Longe da cidade, há pessoas que caminham com cuidado, equipadas com binóculos e chapéu, a olhar frequentemente para o céu, ao mesmo tempo que tentam não fazer muito barulho. Afinal, há aves a migrarem para Sul e não convém assustá-las. Este é apenas um cenário provável do que vai acontecer no último dia de Setembro e primeiro de Outubro. O Eurobirdwatch está quase aí e em Portugal há 26 eventos espalhados por continente e ilhas que querem pôr o público em contacto com a actividade destes animais.
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Longe da cidade, há pessoas que caminham com cuidado, equipadas com binóculos e chapéu, a olhar frequentemente para o céu, ao mesmo tempo que tentam não fazer muito barulho. Afinal, há aves a migrarem para Sul e não convém assustá-las. Este é apenas um cenário provável do que vai acontecer no último dia de Setembro e primeiro de Outubro. O Eurobirdwatch está quase aí e em Portugal há 26 eventos espalhados por continente e ilhas que querem pôr o público em contacto com a actividade destes animais.
No ano passado, cerca de 400 pessoas aderiram ao convite feito pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) que, com a ajuda de várias entidades, organiza o evento em Portugal desde o início do século e este ano não será excepção. Mas não se pense que o Eurobirdwatch é só um evento de recriação. “A iniciativa tem dois níveis: incentivar as pessoas a ir para o campo e despertar a curiosidade para as aves que nos rodeiam, mas também funciona como um pretexto para conservar e dar a conhecer os problemas que estas aves enfrentam”, sintetiza a coordenadora do departamento de cidadania ambiental da SPEA, Alexandra Lopes.
As observações são feitas na companhia de guias especializados e as inscrições são limitadas — grupos pequenos, no máximo com 15/20 pessoas, são ideais para ter o “mínimo impacto possível” na natureza e na actividade dos animais. Participa no evento quem já tem algum conhecimento de observação mas também há “cada vez mais” grupos e pessoas que trazem a família, nota a coordenadora. A data também contribui para que não haja esquecimentos: “É sempre no primeiro fim-de-semana de Outubro”. Mas porquê? Anualmente há duas migrações, uma durante a Primavera, outra durante o Outono. Esta última ocorre entre os meses de Agosto e Novembro. O fim-de-semana escolhido é, portanto, uma “boa altura” para observar a migração das aves para África.
Ao todo, o Turismo de Portugal contabiliza, entre continente e ilhas, 36 sítios de interesse para a melhor observação possível do que se passa a muitos metros de altitude.
A Ria de Aveiro, a Serra da Estrela ou o Paul de Arzila, em Coimbra, são apenas alguns exemplos de locais onde vão decorrer os eventos, que se espalham por todo o país, desde o Minho ao Algarve, sem esquecer as ilhas.
Sagres é o local de excelência para esta actividade pois é uma das últimas paragens das aves que se dirigem para África. Devido à sua localização geográfica, concentra uma elevada abundância e diversidade de aves migradoras.
Um relatório do Turismo de Portugal de 2012 apontava para a existência de 360 espécies diferentes “que podem ser observadas regularmente” no país. Obviamente que é praticamente impossível registar o aparecimento de todas as espécies durante um fim-de-semana mas, como nota Alexandra Lopes, “na altura de migração, tudo pode acontecer nos céus” e é até possível ver espécies de diferentes latitudes a sobrevoar, por acidente, os céus portugueses.
Texto editado por Ana Fernandes