Guterres: “O mundo tem medo de uma guerra nuclear com a Coreia do Norte”
Na abertura da Assembleia-Geral da ONU, o secretário-geral da organização voltou a apelar às autoridades birmanesas que parem as intervenções militares contra os rohingya.
Abrindo pela primeira vez a Assembleia-Geral das Nações Unidas, António Guterres apelou a que se evite uma guerra com a Coreia do Norte, abordou a crise humanitária em curso na Birmânia, as alterações climáticas e criticou os líderes mundiais que provocam deliberadamente um sentimento de antipatia contra os refugiados para obterem ganhos políticos.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Abrindo pela primeira vez a Assembleia-Geral das Nações Unidas, António Guterres apelou a que se evite uma guerra com a Coreia do Norte, abordou a crise humanitária em curso na Birmânia, as alterações climáticas e criticou os líderes mundiais que provocam deliberadamente um sentimento de antipatia contra os refugiados para obterem ganhos políticos.
“O mundo tem medo de uma guerra nuclear com a Coreia do Norte”, afirmou o secretário-geral das Nações Unidas, acrescentando que a escalada de tensão provocada pelo desenvolvimento do programa nuclear e balístico de Pyongyang tem de ser resolvido através de uma solução política: “Este é o momento para o estadista”, disse ainda, citado pela Reuters. “Não podemos caminhar sonâmbulos para uma guerra”.
Na Assembleia-Geral, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou destruir a Coreia do Norte e o Kim Rocket Man se Pyongyang não optar pelo caminho da desnuclearização.
Depois de na semana passada, o Conselho de Segurança da ONU ter aprovado de forma unânime o nono pacote de sanções contra o regime de Kim Jong-un desde 2006, Guterres apelou aos membros do conselho que mantenham esta unidade relativamente à Coreia do Norte.
Além disso, o antigo primeiro-ministro português voltou a centrar-se na questão da comunidade dos muçulmanos rohingya na Birmânia. Depois de, no domingo, ter afirmado que o discurso à nação prometido para terça-feira pela líder birmanesa Aung Suu Kyi será a sua "última oportunidade" para travar a ofensiva militar que já obrigou centenas de milhares de rohingya a fugirem do país, o secretário-geral da ONU voltou a dizer que as autoridades birmanesas “têm de parar as operações militares e permitir o acesso humanitário sem obstáculos”. “Todos estamos chocados” com o que se passa na Birmânia, referiu ainda.
A questão dos refugiados foi também tema no discurso de Guterres, com o antigo alto comissário da ONU para os refugiados a sublinhar que a segurança dos imigrantes não pode ser colocada em risco. “Eu próprio sou um emigrante, como muitos de vocês. Mas ninguém espera que eu arrisque a minha vida num barco a afundar-se ou a atravessar o deserto na traseira de uma carrinha para encontrar emprego fora do meu país de nascimento”, disse. “A imigração segura não pode ser limitada à elite global”, atirou.
Sobre as alterações climáticas, António Guterres apelou aos líderes mundiais para implementarem o Acordo de Paris com “ainda maior ambição”. “É tempo de sair do caminho das emissões suicidas. Hoje, sabemos o suficiente para agir. A ciência é intocável”, afirmou ainda.