Declarações sobre descongelamento de carreiras dão razão aos enfermeiros, diz sindicato

Para o presidente do Sindicato dos Enfermeiros , as afirmações do primeiro-ministro mostram que António Costa tem consciência da situação dos enfermeiros e reconhecem que os "enfermeiros têm sido as grandes vítimas".

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LUSA/PAULO NOVAIS

O presidente do Sindicato dos Enfermeiros (SE), José de Azevedo, considerou esta segunda-feira que as declarações do primeiro-ministro sobre o descongelamento das carreiras na função pública "vêm dar razão e trazer justiça aos profissionais do sector".

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O presidente do Sindicato dos Enfermeiros (SE), José de Azevedo, considerou esta segunda-feira que as declarações do primeiro-ministro sobre o descongelamento das carreiras na função pública "vêm dar razão e trazer justiça aos profissionais do sector".

O primeiro-ministro, António Costa, garantiu em entrevista publicada no fim-de-semana no Diário de Notícias (DN), que não haverá qualquer aumento da carga fiscal em 2018 e confirmou que será o ano do arranque do descongelamento das carreiras na função pública, que vai beneficiar mais os enfermeiros.

"Vamos começar (o descongelamento das carreiras) por onde é justo, que são os que tiveram congelamento total há mais tempo", afirmou António Costa, na entrevista ao DN, confirmando que o descongelamento não será total.

Em declarações à Lusa, José de Azevedo sublinhou que estas declarações significam que o primeiro-ministro começou a tomar "consciência da situação dos enfermeiros, que estão revoltados e prontos para agir". "Ao dizer isto, o senhor primeiro-ministro está-nos a fazer justiça e espero que não sejam só palavras, que passem aos actos", disse.

O sindicalista afirmou também que com estas declarações António Costa vem reconhecer que os "enfermeiros têm sido as grandes vítimas". "Desde 2005 que estamos parados. Há pessoas com mais de 20 anos de trabalho que estão com vencimentos iguais ou a 100 euros de diferença dos que começaram a trabalhar agora na enfermagem", disse.

De acordo com o presidente do SE, "os enfermeiros têm sido o bode expiatório de todas as manobras dilatórias que fazem com o Ministério da Saúde".

"Acabei de ouvir a Ordem dos Médicos a dizer que serviram de arma de arremesso na greve dos enfermeiros e estão muito enganados. O que eles têm de perceber é que (...) têm 87% da massa salarial bruta do Ministério da Saúde e são apenas 14% dos funcionários do ministério e os enfermeiros têm 33% e como todos os outros não médicos têm a módica quantia de 13%. Não estamos a falar de vencimentos base, mas sim de remunerações", salientou.

A Ordem dos Médicos (OM) considerou esta segunda-feira que o sector da saúde vive um "momento especialmente complexo" que exige "serenidade e acção" e apelou ao Ministério da Saúde que reconheça o valor dos profissionais.

Em comunicado enviado à Lusa, o bastonário, Miguel Guimarães, e o conselho nacional da OM lamentam que os médicos tenham servido de "bodes expiatórios e armas de arremesso", nos recentes protestos e greve nacional dos enfermeiros, em particular no que toca a comparação de remunerações.

Os enfermeiros cumpriram cinco dias de greve na semana passada e reivindicaram a introdução da categoria de especialista na carreira de enfermagem, com respectivo aumento salarial, bem como a aplicação do regime das 35 horas de trabalho para todos os enfermeiros.

O braço de ferro entre enfermeiros e Ministério da Saúde prolonga-se desde Julho, com a reivindicação da integração da categoria de especialista na carreira.