Vamos falar sobre depressão?

Uma melhor compreensão do que é a doença e como pode ser prevenida e tratada poderá ajudar a reduzir o estigma que lhe está associado.

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Foi o tema escolhido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para as comemorações do Dia Mundial da Saúde 2017, a 7 de Abril, com o slogan “Depressão. Vamos falar!”. O objetivo desta campanha foi consciencializar para que mais pessoas, em todo o mundo, procurem e recebam ajuda. Mostrar que uma melhor compreensão do que é a depressão e como pode ser prevenida e tratada poderá ajudar a reduzir o estigma que lhe está associado.

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Foi o tema escolhido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para as comemorações do Dia Mundial da Saúde 2017, a 7 de Abril, com o slogan “Depressão. Vamos falar!”. O objetivo desta campanha foi consciencializar para que mais pessoas, em todo o mundo, procurem e recebam ajuda. Mostrar que uma melhor compreensão do que é a depressão e como pode ser prevenida e tratada poderá ajudar a reduzir o estigma que lhe está associado.

Segundo a OMS, a estimativa do número de pessoas com depressão a nível mundial em 2015 era de 300 milhões. Em Portugal, a prevalência de sintomas de depressão (ligeira e grave) é de 9,98%, para a população com 15 ou mais anos, sendo maior nas mulheres (13,59%) do que nos homens (5,86%). Tendo em conta estes números, conseguimos perceber a necessidade de campanhas à volta do tema.

A prevalência de sintomas de depressão na faixa etária 55 anos ou mais é de 15,6%, mantendo-se a tendência de uma maior percentagem nas mulheres. Também no consumo de medicamentos receitados pelo médico para a depressão, no total de 8,45%, verificou-se diferenças entre os homens (4,4%) e mulheres (11,1%). 

Os dados de prevalência de sintomas de depressão variam de acordo com a faixa etária. Em grupos etários mais velhos há uma maior percentagem de sintomatologia depressiva. Relativamente ao consumo de medicamentos receitados pelo médico para a depressão, houve uma diminuição do consumo nos mais velhos, sendo que as mulheres são o grupo que mais consome seja qual for o grupo etário. A depressão é uma doença caracterizada por tristeza persistente, perda de interesse ou prazer em atividades que normalmente dão satisfação, acompanhada por uma incapacidade de realizar atividades comuns diárias, até mesmo as mais simples, durante pelo menos duas semanas. As consequências podem ser, às vezes, devastadoras para o relacionamento com a família e amigos.

Poderão surgir vários dos seguintes sintomas:

  • Perda de energia;
  • Alterações no apetite e no sono (redução ou aumento);
  • Ansiedade;
  • Dificuldades de concentração;
  • Indecisão;
  • Inquietação;
  • Sentimentos de inutilidade;
  • Culpa ou desespero;
  • Pensamentos de autoagressão ou suicídio

Na pior das hipóteses, a depressão pode levar ao suicídio. É, atualmente, em termos mundiais, a segunda principal causa de morte na faixa etária 15-29 anos, embora, em Portugal, desde há muito o suicídio seja sobretudo comum em pessoas mais velhas, nomeadamente com doenças crónicas incapacitantes e que vivam sós.

É uma doença muitas vezes ignorada e não tratada pela sintomatologia inespecífica que pode apresentar. A incapacidade de locomoção, diminuição da visão e audição e perda de memória podem contribuir para o aparecimento de um quadro de depressão nas pessoas mais velhas, sendo que esta também limita de forma bidirecional a funcionalidade.

Nos mais velhos a depressão está muitas vezes associada a:

  • Condições físicas (doenças cardíacas, tensão arterial elevada, diabetes, dor crónica);
  • Eventos de vida difíceis (como as perdas do companheiro por exemplo);
  • Capacidades reduzidas para fazer coisas que eram possíveis quando jovens

Recomendações da OMS do que fazer se se sentir em baixo ou achar que está deprimido:

  • Falar com alguém da confiança
  • Procurar ajuda profissional. Deverá começar pelo médico de família
  • Manter as atividades de que sempre gostou, ou encontrar alternativas se as atividades anteriores não forem possíveis
  • Manter-se em contacto com a família e amigos
  • Manter hábitos de alimentação e de sono regulares
  • Tomar apenas os medicamentos prescritos pelo médico
  • Fazer exercício regular, mesmo que seja uma curta caminhada

A rubrica Estar Bem encontra-se publicada no P2, caderno de Domingo do PÚBLICO

O autor do artigo escreve de acordo com o Acordo Ortográfico

Susana Sousa é Psicóloga Clinica /CA50+ / ICBAS-UP