Morreu Armando Trigo de Abreu, uma pessoa “sempre empenhada na ciência”
O engenheiro agrónomo e antigo chefe de gabinete do ministro da Ciência José Mariano Gago morreu no domingo
Armando Trigo de Abreu, chefe de gabinete do ministro da Ciência José Mariano Gago entre 2005 e 2009 e presidente da comissão executiva das Jornadas Nacionais de Investigação Científica e Tecnológica em 1987, morreu na noite de domingo. Era engenheiro agrónomo de formação e tinha 76 anos.
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Armando Trigo de Abreu, chefe de gabinete do ministro da Ciência José Mariano Gago entre 2005 e 2009 e presidente da comissão executiva das Jornadas Nacionais de Investigação Científica e Tecnológica em 1987, morreu na noite de domingo. Era engenheiro agrónomo de formação e tinha 76 anos.
“Dedicou a sua vida à ciência e à cooperação científica internacional no âmbito do ensino superior, impulsionou os estudos africanos num programa inédito, tendo levado o nome de Portugal a vários cantos do Mundo”, disse ao PÚBLICO Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. “A ele ainda hoje devemos muitas das redes científicas de cooperação com África. A sua personalidade, estrutura ética e humana são um ensinamento que devemos passar às futuras gerações.”
Armando Trigo de Abreu nasceu a 29 de Novembro de 1940, em Mirandela, e licenciou-se em Engenharia Agronómica pelo Instituto Superior de Agronomia, em 1965. “Era uma pessoa extremamente afável e sempre empenhada na ciência”, refere ainda Dulce Anahory, assessora de imprensa de Manuel Heitor.
Ao longo do seu percurso académico, foi assistente de investigação graduado, investigador adjunto e investigador no Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) entre 1966 e 1986. E entre 1978 e 1980 foi membro do Conselho Directivo do IGC. Também foi professor auxiliar convidado do ISCTE — Instituto Universitário de Lisboa a partir de 1986. E entre 1983 e 1984 e depois de 1986 a 1995 foi membro da direcção do Centro de Estudos Africanos da mesma instituição. Foi ainda presidente da direcção em 1995 e 1996.
A investigação não era a sua única ligação à ciência. De 1978 a 1980 foi membro do Painel de Avaliação de Programas de Investigação e Desenvolvimento da Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT). Em 1987, foi presidente da comissão executiva das Jornadas Nacionais de Investigação Científica e Tecnológica, em Lisboa. Em Maio desse ano, José Mariano Gago (1948-2015) – então presidente da JNICT, que antecedeu a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) – organizou no Fórum Picoas essas jornadas que conduziram à formulação do Programa Mobilizador de Ciência e Tecnologia, destinado a apoiar projectos de investigação. Este ano houve uma sessão comemorativa do 30.º aniversário destas jornadas, no mesmo local.
Mais tarde, já entre 1996 e 1997, foi gestor do programa Praxis XXI, um programa de financiamento da investigação científica e tecnológica em Portugal. E de 1997 a 2002 presidiu ao então Instituto de Cooperação Científica e Tecnológica Internacional. Entre 2005 e 2009 foi chefe de gabinete do Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, José Mariano Gago. “Teve uma grande ligação com África. E era uma das pessoas que o ministro solicitava sobre projectos de desenvolvimento para África”, salienta ainda Dulce Anahory.
Também foi membro do Partido Socialista e chegou a ser porta-voz para o ambiente do governo sombra quando Aníbal Cavaco Silva foi primeiro-ministro, antecedendo assim o Governo de António Guterres que se tornou líder do Governo em 1995.
Ao longo da sua vida, publicou mais de 50 artigos sobre tópicos de desenvolvimento regional, sociedades rurais e sobre o desenvolvimento científico e tecnológico, segundo o seu currículo.
O velório está esta segunda-feira na Igreja do Santo Condestável, em Campo de Ourique (Lisboa), a partir das 18h. O funeral realiza-se na terça-feira às 11h no mesmo local.
Notícia actualizada às 18h50 de 19/09 com as declarações do ministro da Ciência