Tillerson admite que os EUA possam permanecer vinculados ao Acordo de Paris
Chefe da diplomacia norte-americana afirma que Trump está aberto a rever a decisão de sair do Acordo de Paris se os EUA obtiverem condições mais favoráveis.
Os Estados Unidos poderão permanecer vinculados ao Acordo de Paris mediante a garantia de condições mais favoráveis, disse este domingo secretário de Estado norte-americano Rex Tillerson.
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Os Estados Unidos poderão permanecer vinculados ao Acordo de Paris mediante a garantia de condições mais favoráveis, disse este domingo secretário de Estado norte-americano Rex Tillerson.
Segundo o chefe da diplomacia de Washington disse em entrevista ao programa da CBS Face the Nation, o Presidente Donald Trump está disposto a colaborar com os países signatários do tratado se os Estados Unidos puderem indicar um conjunto de condições que considera serem mais justas e equilibradas para os norte-americanos.
Questionado directamente sobre se os Estados Unidos poderiam permanecer vinculados ao acordo de combate às alterações climáticas, Tillerson admitiu a possibilidade, "sob as condições adequadas".
"O Presidente disse que está aberto a que se procurem essas condições que permitam que possamos continuar envolvidos com os outros naquilo que todos reconhecemos que continua a ser um desafio", disse Tillerson.
Também o conselheiro nacional de segurança H.R. McMaster, em entrevista à ABC, referiu-se à possibilidade dos EUA permanecerem no Acordo de Paris. "Ele deixou a porta aberta a uma reentrada numa data posterior se houver um acordo mais favorável para os EUA", disse, referindo-se a Trump.
No sábado, o Wall Street Journal citava fonte oficial da União Europeia que indicava que "a Administração Trump não irá abandonar o Acordo de Paris”. A notícia de um aparente volte-face dos Estados Unidos em relação ao acordo global para o combate às alterações climáticas era dada no dia em que ministros do Ambiente de mais de 30 países signatários do acordo se reuniam em Montreal, no Canadá, para discutir a aplicação do tratado.
E horas antes da notícia do jornal norte-americano, já a AFP indicava que os Estados Unidos estariam a começar a “suavizar” a sua posição face a Paris.
Citado pela agência, o comissário europeu para o clima, Miguel Arias Cañete afirmava que o representante norte-americano na reunião em Montreal tinha indicado que os EUA “não iam renegociar o Acordo de Paris mas que iam rever os termos em que poderia comprometer-se sob o mesmo”. Uma mensagem “diferente do que escutámos do Presidente [Donald] Trump”, dizia o representante de Bruxelas.
No entanto, e ainda no sábado, fonte oficial da Casa Branca tinha desmentido a ideia de um volte-face da Administração Trump em relação ao tratado.
Em Junho, Trump anunciou a retirada dos EUA do Acordo de Paris, apontando para o impacto económico das medidas de combate às alterações climáticas e para a necessidade de “pôr os trabalhadores americanos em primeiro lugar”.
Rasgar o tratado foi aliás uma das principais promessas de campanha do republicano, que por várias vezes expressou dúvidas sobre a existência das alterações climáticas, chegando mesmo a qualificar o problema como “uma fraude inventada pela China” para desmantelar a indústria norte-americana.
No entanto, a decisão foi recebida com críticas mesmo no campo republicano, e não gera consenso na própria Casa Branca, onde há defensores do acordo como o conselheiro económico Gary Cohn - que, segundo Tillerson disse este domingo, está agora encarregue daquele dossiê.