Birmânia: Guterres fala de "última oportunidade" para Suu Kyi
Em menos de um mês, centenas de milhares de rohingya fugiram da Birmânia.
O discurso à nação prometido para terça-feira pela líder birmanesa por Aung Suu Kyi será a sua "última oportunidade" para travar a ofensiva militar que já obrigou centenas de milhares de rohingya a fugirem do país, defendeu o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, numa entrevista à BBC que será divulgada na íntegra na segunda-feira.
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O discurso à nação prometido para terça-feira pela líder birmanesa por Aung Suu Kyi será a sua "última oportunidade" para travar a ofensiva militar que já obrigou centenas de milhares de rohingya a fugirem do país, defendeu o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, numa entrevista à BBC que será divulgada na íntegra na segunda-feira.
“Se ela não inverter a situação agora, a tragédia será absolutamente terrível e infelizmente não vejo como então se poderão mudar as coisas”, frisou Guterres, defendendo que os rohingya devem ser autorizados a voltar ao país. O porta-voz do Governo birmanês, Zaw Htay, já indicou que as autoridades não vão permitir que todos os que fugiram voltem a casa.
O alerta de Guterres surge numa altura em que o Bangladesh se prepara para travar a entrada de mais rohingya no país, onde já se encontram mais de 400 mil.
Os rohingya são a minoria muçulmana da Birmânia, que é dominada por budistas. Suu Kyi, que em 1994 foi laureada com o Nobel da Paz e que esteve durante anos em prisão domiciliária na Birmânia, tem dito que os acontecimentos no país têm sido distorcidos “por um iceberg de desinformação”. As autoridades birmanesas dizem que os responsáveis pela onda de violência são os rohingya, a quem apelidam de “terroristas”.
No final de Agosto, rebeldes da minoria muçulmana atacaram instalações da polícia no Estado de Rakhine, onde vive a maioria dos rohingya, matando 12 agentes. O exército respondeu com uma ofensiva brutal, queimando aldeias e atacando civis, de modo a forçar a sua fuga para o Bangladesh. A ONU já denunciou que está em curso uma verdadeira “limpeza étnica”.