A que soa Lisboa?
O festival Lisboa Soa, que dá atenção aos sons da cidade, está de volta para a segunda edição. Desta feita, mudou-se do Jardim da Tapada das Necessidades para a Estufa Fria.
Chega à segunda edição o Lisboa Soa, inserido na programação do Lisboa na Rua, que organiza eventos ao ar livre na cidade. O festival é um “encontro de arte sonora, urbanismo e cultura auditiva”, que pretende chamar a atenção para os sons tanto da cidade quanto dos espaços que nela existem. A primeira edição, no ano passado, foi no Jardim da Tapada da Necessidades. Esta será na Estufa Fria.
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Chega à segunda edição o Lisboa Soa, inserido na programação do Lisboa na Rua, que organiza eventos ao ar livre na cidade. O festival é um “encontro de arte sonora, urbanismo e cultura auditiva”, que pretende chamar a atenção para os sons tanto da cidade quanto dos espaços que nela existem. A primeira edição, no ano passado, foi no Jardim da Tapada da Necessidades. Esta será na Estufa Fria.
De quinta-feira a domingo, o cartaz inclui, entre instalações sonoras, actuações, workshops e passeios sonoros, mais de 15 nomes nacionais e internacionais que ajudarão os visitantes a ouvir melhor os espaços que os rodeiam. A entrada na Estufa Fria durante esses dias é gratuita.
Raquel Castro, a organizadora, é investigadora nestas áreas há muito tempo. Além da mudança de espaço, conta ao PÚBLICO: “Este ano há uma diferença grande, que é termos residências artísticas.” Estas já começaram antes, com o argentino Juan Sorrentino, “que tem estado a fazer diferentes instalações” e irá também dar workshops e fazer uma performance, e o duo que une a estado-unidense Jen Reimer ao canadiano Max Stein, ambos residentes em Montréal, no Canadá, que também estão a fazer uma instalação e actuarão.
Não é a única alteração. “No ano passado, a maior parte das instalações já existiam e faziam-se alterações mínimas para serem adaptadas ao espaço”, diz a organizadora. Este ano é diferente, com obras a serem criadas de raiz para os espaços em que se inserem, com os autores a “pensarem e conceberem instalações para esses lugares, estas são desenvolvidas e pensadas directamente no espaço”. “Faz mais sentido dentro do trabalho educativo que estamos a fazer. Há um lado mais de laboratório, que é mais arriscado, ao mesmo tempo”, conclui.
O cartaz inclui o duo da portuguesa Adriana Sá e do norte-americano John Klima, que usarão cordas amplificadas, que actuam, tal como a britânica Mileece, que faz, através de electródos, a sonificação de plantas, na quinta-feira. Já no dia seguinte, as actuações estão a cargo dos já mencionados Jen Reimer e Max Stein, ela na trompa e ele nas gravações de campo recolhidas no espaço da Estufa Fria, bem como de André Gonçalves, músico e criador de sintetizadores e módulos português.
No sábado, Juan Sorrentino mostra o resultado de um workshop que tem estado a decorrer ao longo da semana, com “mochilas sonoras” que têm uma coluna atrás e um microfone à frente e amplificam a sonoridade do parque, enquanto a eslovena Saša Spacal utilizará o som de grilos vivos, algo que, garante Raquel Castro, “será mágico”. Já no dia de fecho, há uma actividade com o austríaco Sam Auinger a ensinar os visitantes a usufruírem dos 8000 metros cúbicos do edifício Nave da Estufa Fria e “experienciar as características de ressonância e vibração de um espaço construído”. Esta acção serve também para substituir a mesa redonda que existia na primeira edição sobre a relação entre a cidade e o som. Depois disso, o colectivo Sonoscopia, também responsável por uma instalação, apresenta, com quatro músicos, uma nova composição.
No campo das instalações, além dos já mencionados Adriana Sá e John Klima, Jen Reimer e Max Stein, Juan Sorrentino e Sonocopia, os portugueses Cláudia Martinho e João Ricardo também estarão representados.
E há muitos outros workshops fora das mochilas de Sorrentino. O britânico Peter Cusack, na sexta-feira de manhã, apresenta uma viagem pelos Sons Escondidos do Parque, enquanto, no dia seguinte, Auinger ensina a Pensar com os ouvidos, para, diz a organizadora, “reflectir sobre o espaço urbano”. Nesse mesmo dia, há uma soundwalk, um passeio sonoro coordenado pela norte-americana Maile Colbert e a portuguesa Ana Monteiro.
As crianças são também um foco dessas acções. “A parte da educação auditiva está a ser cada vez mais trabalhada da nossa parte”, diz a Raquel Castro. Existem dois workshops direccionados para os mais novos. No sábado, ensina-se gravação e captação de sons de campo, uma acção coordenada por Luís Antero para crianças a partir dos 8 anos. No domingo, há “um passeio sonoro” para miúdos dos 5 aos 9 anos, que serão vendados, da responsabilidade de Joana Estêvão. Para se aprender a ouvir desde cedo.