Presidente da VW quer diferendo laboral na Autoeuropa resolvido em Outubro
Herbert Diess, presidente executivo da marca de automóveis, diz estar confiante num acordo com os trabalhadores e afasta deslocalização da produção para outros países.
Para Herbert Diess, presidente executivo da marca Volkswagen e membro do conselho de administração do grupo alemão, não há qualquer dúvida: o impasse sobre o aumento de produção na Autoeuropa, que implica trabalhar todos os sábados, tem de estar resolvido em Outubro. Questionado num encontro com jornalistas portugueses em Frankfurt, sobre se acreditava que nesse mês as negociações estariam concluídas, a resposta foi: “Sim. Definitivamente”.
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Para Herbert Diess, presidente executivo da marca Volkswagen e membro do conselho de administração do grupo alemão, não há qualquer dúvida: o impasse sobre o aumento de produção na Autoeuropa, que implica trabalhar todos os sábados, tem de estar resolvido em Outubro. Questionado num encontro com jornalistas portugueses em Frankfurt, sobre se acreditava que nesse mês as negociações estariam concluídas, a resposta foi: “Sim. Definitivamente”.
Isto para que o grupo possa cumprir com as metas previstas para a fabricação do T-Roc, uma das grandes apostas da VW para crescer no segmento dos SUV a nível mundial. O responsável afastou ainda a possibilidade de transferir parte da produção para outras fábricas.
No encontro com jornalistas no âmbito da feira internacional de automóveis de Frankfurt, Diess mostrou-se confiante num desfecho positivo, afirmando que “todas as partes envolvidas têm interesse em resolver” a situação. Não deixou de sublinhar, no entanto, que o grupo foi “apanhado de surpresa” pela contestação dos trabalhadores, recordando a estabilidade laboral que tinha marcado a fábrica de Palmela até ao momento.
Ao mesmo tempo, destacou que a Autoeuropa atravessa um ciclo de mudanças, já que, além da produção de um novo modelo – que precisa de 18 turnos por semana, com profundas alterações laborais – houve também alterações na representação dos trabalhadores (saiu no início do ano o representante histórico da Comissão de Trabalhadores, António Chora) e mudou também o responsável máximo de recursos humanos da fábrica.
Diess, que afirmou estar longe do processo negocial, recordou ainda que a decisão de fabricar o T-Roc na unidade de Portugal foi tomada há dois anos, e que sempre se soube que iria alterar o modo de funcionar da Autoeuropa. Para que as negociações avancem, no entanto, é preciso que tome posse uma nova comissão de trabalhadores (CT). As eleições estão marcadas para dia 3 de Outubro, após a CT anterior se ter demitido na sequência do chumbo dos trabalhadores ao pré-acordo que ficara estabelecido com a administração.
A laboração ao sábado implica “uma folga fixa ao domingo e outra rotativa ao longo da semana”, segundo ficou então estabelecido. Em troca, a VW efectuaria “um pagamento mensal de 175 euros adicional ao que está previsto na lei, 25% de subsídio de turno e a atribuição de um dia adicional de férias”.
Foram estas condições que foram rejeitadas pelos funcionários, contrários à ideia de ter o sábado como dia normal de trabalho (e que fará da Autoeuropa caso único dentro da empresa).
Neste momento, não está em cima da mesa da empresa a transferência de parte da produção do T-Roc para outras fábricas. "Não estamos a considerar outras opções" [à fábrica de Palmela], afirmou Diess. Até porque, segundo afirmou depois, esse tipo de mudança é algo dispendioso. Esta hipótese tinha sido colocada pelo director-geral da Autoeuropa em entrevista recente ao Negócios.
Até agora, já foram produzidos na unidade portuguesa cerca de 800 modelos do T-Roc, mas tendo ainda como destino não o circuito comercial, mas antes eventos como a feira de Frankfurt. Até ao final do ano, a estimativa é de 28 mil unidades, número que dispara para cerca de 180 mil em 2018 (com a hipótese de serem produzidos menos unidades do Scirocco para dar mais espaço ao T-Roc). Por causa dessa meta, o grupo alemão afirma que é preciso alterar o modelo de trabalho, passando a ter, a partir do início do próximo ano, três turnos diários em seis dias da semana, de modo a cumprir as metas previstas (ao mesmo tempo, o T-Roc implica a contratação de novos trabalhadores).
O futuro é eléctrico, mas também Diesel
Na feira de Frankfurt, palco de estreias, muitas das apostas das marcas presentes são de carros eléctricos, VW incluído. E, por parte da empresa alemã, a aposta forte neste evento, lado a lado dos T-Roc montados em Portugal, foi o CROZZ II, um eléctrico que cruza “um SUV com um coupé de quatro portas” (que se junta ao I.D. e ao Buzz, dois outros modelos eléctricos).
A aposta na produção de novos modelos tem como ponto de partida 2020 e, segundo afirmou o grupo esta semana, a ideia é ter versões eléctricas de todos os modelos em 2030. Para já, o investimento planeado é de 20 mil milhões de euros.
Em 2020, segundo Heiss, a VW estima que os custos de produção já sejam mais baixos, de modo a permitir competir com os modelos a gasóleo e gasolina, e que existam mais postos de carregamento eléctrico. “O carro eléctrico vai ser uma alternativa real”, afirmou o CEO da VW, mas os veículos a Diesel “vão ter um longo futuro, para quem viaja grandes distâncias”, acrescentou. Por isso mesmo, diz, o grupo está a trabalhar na nova geração de motores Diesel. Quanto ao escândalo da manipulação das emissões, sublinha que cerca de 80% dos veículos em questão já foram reparados na Alemanha, percentagem que desce para 60% a nível europeu (não foram disponibilizados dados para Portugal).
*O jornalista viajou a convite da Volkswagen