Greve dos enfermeiros: adesão do turno da noite é de 86%

José de Azevedo considera que a reunião entre o primeiro-ministro e o ministro da Saúde foi uma "manobra de diversão", que está a ajudar à greve.

Foto
A greve dos enfermeiros vai manter-se até sexta-feira LUSA/RODRIGO ANTUNES

 A adesão à greve dos enfermeiros foi de 86% no primeiro turno desta terça-feira, disse o sindicalista José de Azevedo, adiantando que espera que o número venha a subir ao longo do dia de terça-feira, segundo dia da paralisação.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

 A adesão à greve dos enfermeiros foi de 86% no primeiro turno desta terça-feira, disse o sindicalista José de Azevedo, adiantando que espera que o número venha a subir ao longo do dia de terça-feira, segundo dia da paralisação.

"Hoje subiu mais um pontinho. Pela contagem que fizemos é a de que a média de adesão à greve está nos 86 por cento. Isto relativamente ao primeiro turno que teve início à meia-noite e terminou agora de manhã", disse à agência Lusa o presidente dos Sindicato dos Enfermeiros (SE).

José de Azevedo disse também que a reunião de segunda-feira do primeiro-ministro com o ministro da Saúde e a que vai acontecer durante esta-feira entre Adalberto Campos Fernandes com o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) são "manobras de diversão".

"Aquela manobra de diversão do senhor primeiro-ministro se associar à farsa ao dizer que o SEP está a negociar - agora até pode estar a negociar, mas não estava - está a ajudar a greve, porque os enfermeiros estão a perceber a farsa e estão a reagir bem, ou seja, estão a tornar a nossa greve um êxito superior ao que esperávamos", disse.

O primeiro-ministro esteve na segunda-feira ao início da noite, em São Bento, reunido com o ministro da Saúde a preparar uma reunião que Adalberto Campos Fernandes terá hoje com o SEP.

"É uma manobra de diversão e uma farsa imprópria de pessoas de bem (...) o primeiro-ministro não devia associar-se a esta farsa", disse José de Azevedo, acrescentando que a greve dos enfermeiros "é para manter".

De acordo com o responsável, até 16 de Agosto o SEP não estava a negociar, nem tinha apresentado propostas no Ministério da Saúde. "Se a 16 de Agosto isto era um facto confirmado ao SE pelo representante do ministério, a pergunta que se põe é o que inventaram agora para negociarem na nossa greve seja o que quer que for. Mas, mesmo que a negociação do SEP seja uma realidade e oxalá que seja, ele só tem competências para negociar para os seus associados, visto que fizemos todos os esforços possíveis para fazermos uma mesa comum sem sucesso", disse.

A greve, marcada pelo Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem (SIPE) e pelo SE, começou à meia-noite de segunda-feira e decorre até às 24h de sexta-feira.

O primeiro dia de greve, que teve uma adesão de 85% segundo os sindicatos, ficou marcado por várias manifestações de enfermeiros frente a alguns dos principais hospitais portugueses, nomeadamente no Porto, Coimbra e Lisboa. Os enfermeiros gritaram palavras de ordem e algumas das reivindicações que estão na base deste protesto de cinco dias.

A greve foi marcada como forma de protesto pela recusa do Ministério da Saúde em aceitar a proposta de actualização gradual dos salários e de integração da categoria de especialista na carreira. Na quinta-feira, os hospitais foram alertados pela tutela para estarem atentos a "eventuais ausências de profissionais de enfermagem" durante o período da greve, cuja marcação foi considerada irregular pela secretaria de Estado do Emprego.