Só o BE está contra o facto de haver jogos de futebol no dia das eleições
Liga diz que tentou não marcar jogos para o dia das autárquicas, mas não foi possível. Comissão Nacional de Eleições só se pronuncia nesta terça-feira.
Não é proibido, mas não é desejável para o dia das eleições autárquicas. O Bloco de Esquerda avisa que "é um erro". O PS diz que até "nem há drama", mas era melhor que no domingo 1 de Outubro não se realizassem quatro jogos da I Liga de futebol. Um deles, o clássico Sporting-FC Porto, que se joga em Alvalade. A Liga diz que tudo tentou, mas não conseguiu evitar futebol num dia dedicado à política local e não avisou a Comissão Nacional de Eleições (CNE) de que o ia fazer.
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Não é proibido, mas não é desejável para o dia das eleições autárquicas. O Bloco de Esquerda avisa que "é um erro". O PS diz que até "nem há drama", mas era melhor que no domingo 1 de Outubro não se realizassem quatro jogos da I Liga de futebol. Um deles, o clássico Sporting-FC Porto, que se joga em Alvalade. A Liga diz que tudo tentou, mas não conseguiu evitar futebol num dia dedicado à política local e não avisou a Comissão Nacional de Eleições (CNE) de que o ia fazer.
Assim, além do clássico, o Benfica joga contra o Marítimo, no Funchal, há ainda um Belenenses-Vitória de Guimarães e um Sp.Braga-Estoril. Quatro jogos que vão obrigar a uma deslocação de milhares de pessoas pelo país, entre jogadores, organizadores, funcionários e adeptos, o que pode prejudicar a afluência as urnas. A Liga garante, em respostas ao PÚBLICO, que vai trabalhar com a CNE para promover o voto antecipado. Contudo, para já, a CNE não sabia da marcação dos jogos, de acordo com o Expresso, só analisará hoje deverá analisar o caso, em reunião plenária.
Para já, os partidos e o Governo são cautelosos na reacção. O PÚBLICO contactou todos os partidos e apenas o BE e o PS falaram. E os bloquistas, através de fonte oficial, são os únicos a dizer que a marcação de jogos para 1 de Outubro, "é um erro". Carlos César, presidente do PS, diz que "não vê drama" nesta coincidência, se "não se colocarem problemas de segurança" e aponta que na sua visão, em "maior risco de privação cívica estão os muitos que trabalham ao domingo". O socialista desdramatiza, sobretudo pelo horário dos jogos. O clássico começa às 18h, apanhando apenas um hora de acto eleitoral, os jogos Benfica-Marítimo e o Belenenses-Vitória de Guimarães começam já depois de as urnas fecharem. Quem está pior são os adeptos do Sp. Braga, que joga no Estoril às 16h.
Certo é que, dificultem ou não o acto eleitoral, os quatro jogos vão mesmo realizar-se no domingo, por não haver outra opção. Fonte da Liga Portuguesa de Futebol explica ao PÚBLICO que, assim que foram marcadas as eleições, tentou ajustar os calendários das ligas profissionais de futebol, antecipando vários jogos para sexta e sábado. Contudo, isso não foi possível para todos os clubes, "face à participação das equipas portuguesas em competição europeia na semana anterior" e ao facto de cada equipa ter de ter um "intervalo regulamentar de descanso entre jogos de pelo menos 72 horas". Acresce ainda que, no dia 2 de Outubro, muitos jogadores têm de partir para se juntarem às respectivas selecções nacionais, o que impede a realização de jogos nesse dia - a selecção portuguesa cumpre nessa semana os seus dois últimos jogos de apuramento para o Mundial 2018, em Andorra a 7 de Outubro e no Estádio da Luz, a 10, frente à Suíça.
Já em 2015, Pedro Proença, presidente da Liga, decidiu marcar jogos para o dia das eleições legislativas com uma argumentação em tudo semelhante à que utiliza para este ano. E essa foi uma decisão inédita que levou a CNE a esclarecer que o acto não era proibido, mas não era sensato, uma vez que desviava mais pessoas do acto eleitoral,contribuindo para a abstenção. Na altura, a CNE lamentava que a Liga estivesse a quebrar um consenso que existia desde 1974 ao marcar jogos para o dia das legislativas e acabou por se pronunciar pela primeira vez sobre esta coincidência, mas apenas isso.
Numa recomendação, a CNE pedia que se se evitasse "estimular concentrações significativas de cidadãos", uma vez que potenciava o risco de "conflitualidade" e reforçava que, se fosse mesmo imperativo que se realizassem estes eventos, então caberia aos "organizadores tomar as providências necessárias para que não haja qualquer perturação do normal funcionamento" das secções de voto nas imediações dos recintos onde decorressem as actividades.
Há dois anos, não houve consequências de maior, a não ser um pedido do Presidente da República, na altura Cavaco Silva, a pedir aos portugueses que não deixassem de votar mesmo com chuva e com futebol. O PÚBLICO questionou Belém sobre este caso, mas até à hora de fecho da edição não obteve resposta.