A bienal de arte contemporânea de Coimbra está num “ponto sem retorno”

Segunda edição significa consolidação da iniciativa, defende o curador Delfim Sardo. 34 artistas vão deixar a marca na cidade de Novembro a Dezembro.

Foto
Sempre uma coisa a seguir à outra, de Matt Mullican, na edição de 2015 da Bienal de Coimbra JORGE DAS NEVES

Coimbra vai voltar a receber o Ano Zero, a bienal de arte contemporânea que teve a sua primeira edição em 2015. Para o curador Delfim Sardo, o projecto que este ano se realiza entre 11 de Novembro e 30 de Dezembro está agora “num ponto sem retorno”. Ou seja, depois de um ano de arranque, “a partir do momento em que esta edição acontece, Coimbra tem uma bienal”, explicou ainda o responsável.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Coimbra vai voltar a receber o Ano Zero, a bienal de arte contemporânea que teve a sua primeira edição em 2015. Para o curador Delfim Sardo, o projecto que este ano se realiza entre 11 de Novembro e 30 de Dezembro está agora “num ponto sem retorno”. Ou seja, depois de um ano de arranque, “a partir do momento em que esta edição acontece, Coimbra tem uma bienal”, explicou ainda o responsável.

Sob o tema Curar e Reparar, a iniciativa leva a Coimbra obras de 18 artistas estrangeiros e de 16 artistas portugueses. Entre eles estão nomes como Dominique Gonzalez-Foerster, autora da instalação inaugural do MAAT, Francis Alys, Jimmie Durham, Julião Sarmento, Louise Bourgeois, Matt Mullican ou William Kentridge, sendo que 17 dos trabalhos foram produzidos a convite da bienal.

O tema proposto pelo curador parte do “mundo difícil” em que vivemos, afirmou na conferência de imprensa de apresentação da bienal o também programador de artes plásticas da Culturgest e professor do Colégio das Artes da Universidade de Coimbra (UC). Vivemos “num mundo complicado e num mundo doente”. Delfim Sardo referiu também a conotação múltipla da palavra “reparar”, para além de arranjo ou conserto. “É também "parar para ver melhor, parar para observar”, acrescentou. “Implica pedir aos outros que desacelerem o seu ritmo para poderem atentar em alguma coisa que pode, nem que seja por uma pequena fracção de tempo, alterar as suas vidas”.

À semelhança da primeira edição, para se poder encontrar os trabalhos em exposição – quer seja escultura, pintura, vídeo, peça sonora, fotografia, instalação ou performance – será preciso percorrer a cidade de Coimbra. Desde a Sala da Cidade, à Galeria de História Natural do Museu da Ciência da universidade, passando pelos espaços do Circulo de Artes Plásticas de Coimbra, do Colégio das Artes, pela igreja do Convento São Francisco ou pelo Mosteiro de Santa Clara-a-Nova.

A iniciativa produzida pelo CAPC, e organizada em conjunto com a UC e Câmara Municipal de Coimbra, conta este ano com um orçamento de 325 mil euros. A maior fatia (230 mil euros) é proveniente do programa Lugares Património Mundial do Centro, apoiado por fundos comunitários e, por imposição desse programa, com excepção das obras expostas nos espaços do circuito turístico da UC, a entrada é livre.

O objectivo, refere o director do CAPC, Carlos Antunes, passa por suscitar um diálogo entre arte contemporânea e património. Parte do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova - a que era ocupada por instalações militares e está desocupada - vai ser transformada temporariamente num circuito de arte contemporânea com cerca de 12 mil metros quadrados, referiu Delfim Sardo.