Uma "geringonça" em Lisboa? BE escancara a porta, os outros vão com calma

Assunção Cristas até gracejou por estarem já todos “prestes a entender-se com Fernando Medina”.

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Ricardo Robles é o candidato do BE à autarquia de Lisboa Miguel Manso

Se há cerca de dois anos o que parecia impossível aconteceu, e o PS, o Bloco de Esquerda e o PCP conseguiram entender-se no Parlamento para viabilizar um Governo à esquerda, porque não repetir a fórmula na Câmara Municipal de Lisboa? Num debate na Renascença, dos três candidatos com uma palavra a dizer sobre esse cenário, só o bloquista Ricardo Robles escancarou a porta: “Estamos prontos para isso.” PS e PCP mostraram-se mais cautelosos: primeiro venham os resultados de 1 de Outubro.

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Se há cerca de dois anos o que parecia impossível aconteceu, e o PS, o Bloco de Esquerda e o PCP conseguiram entender-se no Parlamento para viabilizar um Governo à esquerda, porque não repetir a fórmula na Câmara Municipal de Lisboa? Num debate na Renascença, dos três candidatos com uma palavra a dizer sobre esse cenário, só o bloquista Ricardo Robles escancarou a porta: “Estamos prontos para isso.” PS e PCP mostraram-se mais cautelosos: primeiro venham os resultados de 1 de Outubro.

Ricardo Robles foi o único que foi directo ao assunto: “O BE quer uma viragem política à esquerda na Câmara Municipal de Lisboa. E, para isso, estamos disponíveis para nos sentarmos e discutir pilares fundamentais: transportes, habitação, creches para as crianças, estamos disponíveis para uma viragem à esquerda. Estamos prontos para isso.”

O actual autarca socialista e candidato, que ocupou o lugar do actual primeiro-ministro António Costa na liderança do município, deixou claro que quer dar um passo de cada vez e que esta não é altura para se colocar o cenário de entendimento entre as esquerdas em Lisboa: “Este é o momento de os eleitores decidirem quem querem como presidente de Câmara e que força querem dar a esse presidente de Câmara. Tudo o resto é para analistas”, disse Fernando Medina.

João Ferreira alongou-se mais na resposta, mas foi ter ao mesmo sítio: “A CDU tem experiência de gestão autárquica. É na Área Metropolitana de Lisboa a primeira força no plano autárquico, isso dá-nos responsabilidades, mas constitui-nos também como uma alternativa de Governo na cidade. O programa que apresentamos é isso mesmo, uma alternativa que se propõe enfrentar, de forma corajosa, problemas estruturantes na vida da cidade que persistem ao longo dos últimos dez anos, nos quais o PS teve maioria em Lisboa.”

Conclusão do comunista? “Temos por hábito, onde somos maioria, distribuir pelouros pela oposição, onde não somos também temos por hábito aceitar alguns pelouros sempre que entendemos que estão criadas as condições para se fazer um trabalho útil para as populações. Não nos vamos antecipar aos resultados e deixemos os lisboetas decidirem.”

“Sou eu a presidente”

No fim de os três candidatos das esquerdas falarem, a líder centrista. Assunção Cristas, até gracejou: “A alternativa a Fernando Medina é a nossa Lisboa e sou eu presidente da câmara, tudo o resto está prestes a entender-se com Fernando Medina.”

No debate estiveram ainda a candidata social-democrata Teresa Leal Coelho que lançou uma pergunta a Medina: “A questão que se coloca a Fernando Medina é se fica como vereador, se não ganhar as eleições, ou se está disponível para cooperar com os partidos políticos como o PSD, que é o maior partido português neste momento.”

Ficou, porém, sem resposta. Foi interrompida por Inês Sousa Real, do Pessoas-Animais-Natureza, que aproveitou para apelar ao voto numa mulher: “Algo vai mal quando em cem anos de República uma mulher nunca assumiu uma presidência da Câmara, nunca foi eleita.”

Na entrevista que deu neste fim-de-semana ao Expresso, a coordenadora bloquista já tinha entreaberto a porta a uma “geringonça” em Lisboa. Questionada sobre a possibilidade de Ricardo Robles ser eleito vereador e fazer uma aliança com Medina, Catarina Martins respondeu: “O BE faz convergência política em torno de programas políticos. Se o BE tiver força em Lisboa para determinar linhas essenciais de programa, nomeadamente em torno da habitação e dos transportes, estou certa de que haverá uma solução de governo da cidade bem melhor do que a que tem existido.” Directamente questionada sobre se admite uma “geringonça”, a coordenado do BE afirmou: “Os lisboetas é que vão decidir se querem uma ‘geringonça autárquica’ e a força que dão aos vários programas que têm em cima da mesa.”