Governo diz que não há partidos no Parlamento português com discurso xenófobo e racista
Em Agosto, o PS, e também o BE, acusaram o líder do PSD de ensaiar "um discurso racista e xenófobo", por causa das críticas às alterações à lei dos estrangeiros.
O ministro Adjunto, o socialista Eduardo Cabrita, declarou nesta quinta-feira perante parlamentares do Conselho da Europa que nenhum partido representado no Parlamento português tem discursos xenófobos e racistas, em contraponto com acusações nesse sentido feitas pelo PS ao PSD.
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O ministro Adjunto, o socialista Eduardo Cabrita, declarou nesta quinta-feira perante parlamentares do Conselho da Europa que nenhum partido representado no Parlamento português tem discursos xenófobos e racistas, em contraponto com acusações nesse sentido feitas pelo PS ao PSD.
"Tenho um grande orgulho em poder dizer que, relativamente a estes temas - acolhimento de migrantes, de refugiados, integração na vida cívica portuguesa de cidadãos originários de outros países - não existe no Parlamento português nenhuma força política que assuma um discurso xenófobo, racista, como infelizmente tem sucedido em tantos países europeus", disse o ministro.
O ministro Adjunto introduziu o tema referindo que "o debate político em democracia é marcado por uma dialética conflitual normal, que é própria da vida democrática, entre o Governo e os partidos que apoiam o Governo e os partidos da oposição".
Eduardo Cabrita falava perante parlamentares do Conselho Europeu, no decorrer da conferência de apresentação da Rede Parlamentar sobre Políticas da Diáspora, que decorre até sexta-feira na Assembleia da República, em Lisboa.
As declarações do ministro Adjunto surgem um dia depois de o PSD ter exigido aos partidos da esquerda que retirassem uma acusação de xenofobia e racismo que fez ao partido social-democrata e ao seu líder, Pedro Passos Coelho, pelas críticas às alterações à lei dos estrangeiros.
A 14 de Agosto o porta-voz do PS, João Galamba, acusou o presidente do PSD de ensaiar "um discurso racista e xenófobo", considerando que Pedro Passos Coelho fez uma "denúncia mentirosa" de alterações à lei da imigração que transpõem uma directiva comunitária.
"Pela primeira vez em muitos anos tivemos em Portugal um líder político e o líder político do maior partido da oposição, a ensaiar um discurso racista e xenófobo, à semelhança do que vemos noutros países, em França, nos Estados Unidos", defendeu João Galamba aos jornalistas no Parlamento.
Nesta quinta-feira, frente aos parlamentares do Conselho da Europa, Eduardo Cabrita disse que Portugal quer "ser uma referência no quadro global" no que diz respeito ao acolhimento de migrantes e refugiados e que este tema "não é uma área de fractura" entre os partidos.
""Existirão certamente muitos outros temas para divergirmos. Existirão dúvidas pontuais sobre esta ou aquela medida política, mas sobre aquilo que é essencial, esta é uma matéria que não é uma área de fractura no debate político português", realçou.
Questionado pela Lusa, à saída da sessão com os parlamentares do Conselho da Europa, sobre se a sua posição pretende "matizar" as declarações do deputado João Galamba, Eduardo Cabrita começou por dizer que esta matéria do acolhimento de migrantes e de refugiados "não é uma matéria de fractura na sociedade portuguesa".
No entanto, insistiu depois que as suas declarações sobre ausência de discursos xenófobos e racistas cingem-se apenas ao Parlamento. O discurso de Pedro Passos Coelho considerado "xenófobo" e "racista" pelo PS foi proferido na festa de rentreé politica do PSD, no Pontal.
"O que eu disse foi que, tendo eu esta área de responsabilidade no Governo, até hoje nunca - no Parlamento português - esta matéria foi de fractura. E é fundamental que este espírito se mantenha", apontou.
Além do PS, também o Bloco de Esquerda acusou em Agosto o presidente do PSD de "usar a xenofobia" como "estratégia de sobrevivência", argumentando que as suas críticas à lei da imigração são uma aposta no preconceito e ataque aos mais fracos.