LVMH e Kering vão deixar de contratar modelos demasiado magras

As duas maiores empresas no mundo da moda criaram uma directiva que tem de ser seguida por todas as marcas da empresa. O objectivo, frisam, é "assegurar o bem-estar das modelos".

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Nelson Garrido

Não é segredo que jovens por todo mundo desejam ter um corpo semelhante ao das modelos que vêem nas campanhas publicitárias da Yves Saint Laurent (YSL), da Gucci ou da Christian Dior. Independentemente do sacrifício que isso envolva. Porém, as duas maiores casas de moda francesas uniram esforços para inverter esta tendência.

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Não é segredo que jovens por todo mundo desejam ter um corpo semelhante ao das modelos que vêem nas campanhas publicitárias da Yves Saint Laurent (YSL), da Gucci ou da Christian Dior. Independentemente do sacrifício que isso envolva. Porém, as duas maiores casas de moda francesas uniram esforços para inverter esta tendência.

Em resposta às críticas de que a indústria da moda encoraja os distúrbios alimentares, a LVMH e a Kering – as duas maiores casas de moda sediadas em Paris – anunciaram que vão deixar de contratar modelos que sejam demasiado magras.

Dessa forma, as gigantes da indústria criaram uma directiva, que estabelece os parâmetros (e normas) que devem ser cumpridos pelas marcas na hora de contratar modelos para as suas campanhas ou desfiles.

A directiva – que entra em vigor durante as semanas da moda que se avizinham e que é aplicável em todo o mundo –, “reflecte os elevados padrões de integridade, responsabilidade e respeito” pelas modelos, lê-se num comunicado das duas empresas.

 

 

Assim, as marcas de ambos os grupos só estão autorizadas a contratar modelos que apresentem um atestado médico válido, de forma assegurar que estão saudáveis para realizarem o trabalho. A medida surge na sequência de uma lei, criada em Maio deste ano, que pune, com multas até 75 mil euros, quem contrate uma modelo que não esteja de acordo com as normas de saúde

A directiva explica ainda que só vai ser possível contratar modelos que vistam acima do tamanho 34 (no caso das mulheres) e o 44 (no caso dos homens). Até então, modelos que vestissem o número 32 e o 42 podiam ser contratadas pelas marcas.

Mas a lista não fica por aqui. As marcas vão ter ainda de disponibilizar um psicólogo às modelos (durante o horário de trabalho) e aquelas que tenham idade inferior a 16 anos não podem ser contratadas para campanhas em que representem um adulto.

As modelos mais jovens (entre os 16 e os 18 anos) só poderão trabalhar entre as 10h e as 18h, acompanhadas por um tutor. Estas devem ainda cumprir os seus deveres escolares.

De acordo com as duas empresas, o objectivo é “assegurar o bem-estar das modelos.”

“Estou profundamente comprometido em assegurar que os trabalhos entre as marcas, as agências e as modelos do grupo LVMH vão para além do simples cumprimento dos requisitos legais”, referiu, em comunicado, um dos directores do grupo LVMH Antoine Arnault.

O bem-estar das modelos é muito importante para nós” frisou o responsável pela LVMH, grupo que detém marcas como a Fendi, Marc Jacob, Givenchy e Christian Dior.

“Enquanto líder do sector de luxo, acreditamos que o nosso papel é estar na vanguarda desta iniciativa. Temos a responsabilidade de construir os novos padrões na moda e esperamos ser seguidos por outras empresas no sector”, sublinhou Antoine Arnault.

Já o director da Kering, François-Henri Pinault, afirma que “respeitar a dignidade de todas as mulheres é um objectivo pessoal e uma prioridade”.

François-Henri Pinault considera que a criação desta directiva “manifesta a importância no cumprimento dos valores fundamentais”, acrescentando que a Kering pretende “inspirar toda a indústria da moda” a seguir o seu exemplo. À Kering pertencem marcas com a Gucci, Alexander McQueen e Balenciaga.

Um passo na direcção certa 

A responsável pela organização YMCA England & Wales, Denise Hatton, diz que a directiva criada pelas duas empresas “é um passo na direcção certa”.

Porém, citada pela BBC, a responsável da organização sem fins-lucrativos, sediada em Londres, acrescenta que gostaria "de ver mais diversidade nos desfiles, que reflictam verdadeiramente a nossa sociedade, com todos os tamanhos formas e etnias”.

Em 2015 a YSL viu um anúncio banido devido à magreza da modelo. No mesmo ano, a empresa de roupa norte-americana Urban Outfitters foi forçada a retirar do seu site uma imagem de uma modelo por esta ser demasiado magra.