Decisões passadas reduzem esperanças de Adrien e do Leicester

Em casos similares de inscrições de jogadores fora do prazo, a FIFA nunca alterou a sua decisão e o Tribunal Arbitral do Desporto acabou por lhe dar razão.

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Adrien ainda aguarda pela confirmação da decisão da FIFA LUSA/MARIO CRUZ

No futebol, uns segundos a mais podem ser fulcrais para um jogador alterar o desfecho de uma partida e tornar-se no herói do jogo, mas também podem ser fatais para uma carreira quando está em causa o encerramento do mercado de transferências. Adrien Silva é o último exemplo. Por apenas 14 segundos viu a FIFA rejeitar a sua inscrição pelo Leicester e corre o risco de ficar sem jogar quatro meses. O clube inglês e o ex-sportinguista vão recorrer da decisão, mas os exemplos do passado não deixam espaço para grandes optimismos.

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No futebol, uns segundos a mais podem ser fulcrais para um jogador alterar o desfecho de uma partida e tornar-se no herói do jogo, mas também podem ser fatais para uma carreira quando está em causa o encerramento do mercado de transferências. Adrien Silva é o último exemplo. Por apenas 14 segundos viu a FIFA rejeitar a sua inscrição pelo Leicester e corre o risco de ficar sem jogar quatro meses. O clube inglês e o ex-sportinguista vão recorrer da decisão, mas os exemplos do passado não deixam espaço para grandes optimismos.

Os instantes finais da janela de transferências de Verão foram dramáticos para o Leicester. Depois de duras negociações com o Chelsea para a cedência do médio inglês Danny Drinkwater para Londres, a troco de 38 milhões de euros, o clube procurou contratar o português ao Sporting para substituir o seu ex-jogador, mas já no limite do prazo. Alcançado um acordo com os “leões” (que receberam 24 milhões de euros), iniciou-se uma corrida louca contra o relógio para registar a transferência do internacional português, de 28 anos, junto da FIFA. O último documento chegou 14 segundos depois do prazo.

Foi o suficiente para o organismo máximo do futebol mundial invalidar a inscrição (que só poderá agora ser confirmada no mercado de Inverno, a partir de Janeiro), apesar de ainda não se ter comunicado oficialmente a decisão. O Leicester admitiu este desfecho, mas ainda não deu o caso como perdido. “Estamos a trabalhar com Adrien e com o Sporting para ultrapassar alguns problemas relacionados com a inscrição do jogador e explorar todas as opções para encontrar uma solução”, esclareceu um porta-voz do emblema britânico ao PÚBLICO, por mail, esta quarta-feira.

A confirmar-se a decisão da FIFA, restará ao Leicester e ao jogador recorrerem ao Tribunal Arbitral do Desporto (TAS), mas situações semelhantes anteriores não deixam grandes esperanças sobre o desfecho do processo, apesar de não haver jurisprudência neste tipo de casos. Yannick Djaló, De Gea ou Roberto Soriano foram alguns dos protagonistas que viram abortadas as suas transferências nos anos mais recentes, por ter sido ultrapassado o prazo limite para a entrega da documentação junto da FIFA.

O caso particular de Djaló é em tudo idêntico ao de Adrien, tendo envolvido também o Sporting. Em 2011, os lisboetas acordaram a venda do passe do avançado (hoje no Vitória de Setúbal) ao Nice quase no limite do prazo. Os documentos chegaram à FIFA uns minutos após o encerramento do mercado e o organismo vetou a transferência. Uma decisão que acabou por ser confirmada pelo TAS.

Mais mediático foi o processo que envolveu o Manchester United e o Real Madrid para a contratação do guarda-redes David de Gea, há duas temporadas. Os dois colossos do futebol mundial chegaram a acordo, mas alguns minutos após o fecho do mercado. Neste caso, o acordo entre os dois clubes ficou sem efeito, com o internacional espanhol a manter-se no activo ao serviço da equipa inglesa, onde ainda hoje permanece.

No caso de Adrien, parece estar afastada a hipótese de um regresso ao Sporting. O próprio presidente do clube, Bruno de Carvalho, rejeitou este cenário na terça-feira à noite, em entrevista à Sporting TV. Caso a FIFA e o TAS confirmem a decisão, o internacional português não tem grandes alternativas. Ou fica em Leicester até à reabertura do mercado, em Janeiro, ambientando-se ao novo clube (como sugeriu Bruno de Carvalho) ou poderá procurar uma autorização especial da FIFA para alinhar num terceiro clube, de um campeonato onde o mercado ainda se mantenha aberto.

Um cenário menos provável, já que, nesse caso, Adrien não poderia alinhar pelos ingleses até ao final da corrente temporada. Segundo os regulamentos, um jogador pode ser inscrito, no máximo, por três clubes durante uma época desportiva, mas só pode alinhar em jogos oficiais por dois, tendo Adrien já participado em partidas com a camisola “leonina”. Com grandes expectativas de ser chamado para o Mundial da Rússia, restará saber se o médio irá resignar-se a uma paragem tão prolongada. Com Nuno Sousa