Jerónimo de Sousa critica comportamento da Coreia do Norte
"Acabem com as armas nucleares, estejam em que mãos estiverem", disse o líder do PCP.
O secretário-geral do PCP admitiu nesta segunda-feira que existe "uma preocupação legítima" face ao comportamento da Coreia da Norte, mas responsabilizou também os Estados Unidos pelo que diz ser uma "tensão perigosíssima" para a paz.
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O secretário-geral do PCP admitiu nesta segunda-feira que existe "uma preocupação legítima" face ao comportamento da Coreia da Norte, mas responsabilizou também os Estados Unidos pelo que diz ser uma "tensão perigosíssima" para a paz.
"É evidente que, na nossa avaliação, [da Coreia do Norte] há elementos que nos perturbam, que nos inquietam. Sabemos que isso acirra particularmente os Estados Unidos, que se deslocam do seu país, vão a dez mil quilómetros [de distância], digamos, incentivar a própria provocação", disse Jerónimo de Sousa, durante uma visita às Festas das Vindimas, em Palmela, no distrito de Setúbal.
"Creio que essa preocupação é legítima. Consideramos que a questão da paz no mundo é crucial, assume de novo uma grande actualidade. Em relação à República da Coreia, em relação à Península da Coreia, nós consideramos que tem de haver uma solução política. E não vemos nenhuma solução militar", acrescentou.
A Coreia do Norte anunciou no domingo a realização com sucesso do seu sexto teste nuclear, desta vez com uma bomba de hidrogénio, mas Jerónimo de Sousa também não poupou os Estados Unidos pela actual situação de tensão a nível mundial.
Em declarações aos jornalistas, Jerónimo de Sousa lembrou ainda que o PCP defende "a não proliferação de armas nucleares, a sua abolição, estejam em que mãos estiverem, como resposta a esse objectivo de paz".
"Estamos a falar de um armamento que, infelizmente, hoje, tem, no nosso planeta, capacidade para destruir seis ou sete vezes a terra. Todos os amantes da paz devem fazer um esforço para pôr fim a esta escalada da proliferação nuclear. É a melhor forma de distender esta situação, de procurar esses caminhos da paz. Acabem com as armas nucleares, estejam em que mãos estiverem", concluiu o líder comunista.
PCP dispensa conselhos de Marques Mendes
Jerónimo de Sousa afirmou também que os comunistas são "suficientemente experientes para dispensar conselhos venenosos vindos, designadamente, do doutor Marques Mendes".
Jerónimo de Sousa, que falava aos jornalistas durante uma visita às Festas das Vindimas, em Palmela, disse que não fazia sentido estar a dizer desde já como irá o PCP votar o Orçamento de Estado para 2018, uma vez que o documento ainda não está fechado, ao ser confrontado com a possibilidade de abstenção dos comunistas referida no domingo pelo comentador televisivo Marques Mendes no seu espaço na Sic.
"É muito difícil, convenhamos, ter uma posição a favor, contra, ou de abstenção, em relação a uma coisa que [ainda] não existe. Em segundo lugar, sem comentar comentadores, seja o doutor Marques Mendes, sejam dirigentes do PSD. O que dizemos é que somos suficientemente experientes para dispensar conselhos venenosos vindos, designadamente, do doutor Marques Mendes", disse o líder comunista.
"Estamos nesta batalha, não é com reservas mentais. Lutaremos pela melhoria das condições de vida dos trabalhadores e do povo também no Orçamento de Estado. Como se sabe, o compromisso da posição conjunta, é esse exame comum que está a ser feito e, perante uma proposta concreta [do Orçamento de Estado para 2018], decidiremos em conformidade", acrescentou.
Questionado sobre a possibilidade de o PCP defender também uma redução do IRC, a par da redução que reclama no IRS, Jerónimo de Sousa deixou claro que, para os comunistas, a prioridade é a reposição dos cortes efectuados pelo anterior governo nos rendimentos do trabalho.
"Nós consideramos que, neste momento, do que se trata, é de desagravar quem foi profundamente martirizado pelo governo anterior. Em relação ao IRC não houve nenhuma penalização. O que nós consideramos é que, para se conseguir esse objectivo de mais justiça fiscal, é essa linha de desagravamento. E, por exemplo, encontrar como solução a derrama para empresas que tenham lucros superiores a 35 milhões de euros. Era uma medida perfeitamente justa que compensaria em termos de verbas fiscais", disse.