Incêndios: PSD considera que Governo não tem capacidade para gerir donativos de privados

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Teresa Morais falou na sede do PSD sobre donativos Miguel Manso

O PSD criticou esta terça-feira a descoordenação e incapacidade do Governo para gerir os donativos privados destinados às populações mais afectadas pelos incêndios de Junho. Na sede nacional, em Lisboa, a vice-presidente Teresa Morais exigiu hoje esclarecimentos adicionais ao Governo sobre o assunto, considerando o valor apurado "ridiculamente baixo".

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O PSD criticou esta terça-feira a descoordenação e incapacidade do Governo para gerir os donativos privados destinados às populações mais afectadas pelos incêndios de Junho. Na sede nacional, em Lisboa, a vice-presidente Teresa Morais exigiu hoje esclarecimentos adicionais ao Governo sobre o assunto, considerando o valor apurado "ridiculamente baixo".

Depois de o partido ter questionado o executivo em Julho e um mês depois, am Agosto, "a resposta é a de que foram submetidos termos de adesão de donativos de 3,2 milhões, estando concretamente transferidos 1,9 milhões", disse Teresa Morais. "Este valor é - julgo que toda a gente anuirá - muito baixo e ridiculamente baixo, se comparado com as expectativas criadas pelos números que foram divulgados".

Segundo a dirigente do PSD, "os números contrastam em absoluto e de forma ridícula com informação que circulou acerca dos valores que teriam atingido os donativos dos particulares", revelando descoordenação e incapacidade, da parte do Governo, para gerir os donativos privados que se propôs gerir.

"A verdade é que ouvimos números que rondavam os 13, 14 milhões [de euros]. Precisamente porque nunca foram confirmados pelo Governo e era importante saber qual o valor exato dos donativos dos portugueses, também das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo, é que perguntamos qual o exacto valor dos donativos de particulares", insistiu a também deputada.

As várias frentes de fogo, que afetaram mais diretamente as regiões de Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos provocaram, pelo menos, 64 mortos e mais de 200 feridos.

"Cumpre ao Governo, que entendeu criar um fundo público, gerido por uma entidade pública e tutelado pelo Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, explicar cabalmente aos portugueses que valores são estes, onde estão os restantes donativos, quem os está a gerir e em que termos", desafiou Teresa Morais.

Minutos antes da conferência de imprensa na sede do PSD, o Governo tinha reagido às notícias de que os autarcas da região suspeitavam de desvio de verbas, em especial das doações dos emigrantes. "A gestão do Fundo REVITA está a cargo de um Conselho de Gestão constituído por um representante do Governo (do Instituto da Segurança Social, I.P.), um representante das câmaras municipais de Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande e um representante das instituições particulares de solidariedade social e associações humanitárias de bombeiros, a nível distrital", lia-se num comunicado do ministério de Vieira da Silva.

O texto explicava ainda que aa sequência da criação deste fundo "já se encontra disponível um site na internet (www.fundorevita.pt) com o objectivo de dar informação" sobre o seu funcionamento. "Até à data aderiram ao fundo mais de duas dezenas de entidades, com donativos em dinheiro, em espécie e em prestação de serviços, tendo sido entregues donativos em dinheiro no valor de cerca de 2 milhões de euros". 

Sobre outras verbas doadas, o comunicado dizia apenas que é do conhecimento público que entidades como a Cáritas Diocesana de Coimbra e a União das Misericórdias Portuguesas em conjunto com a Fundação Calouste Gulbenkian agregaram outros donativos, "tendo a responsabilidade pela sua gestão".

Do lado das entidades que gerem as verbas (extra Fundo REVITA), Manuel Lemos disse à TSF que a União das Misericórdias Portuguesas gastou até agora muito pouco do dinheiro recolhido e garantiu que o processo tem de ser naturalmente lento, desde logo porque a área ardida equivale a "55 mil campos de futebol, sendo preciso fazer um levantamento completo daquilo que ardeu" até para evitar duplicações de apoios.

Manuel Lemos acrescentou que as contas ainda não estão fechadas, mas que não se deverá ter gasto um décimo dos donativos. Ao todo a União das Misericórdias juntou perto de 1,6 milhões de euros. Com Lusa