Células estaminais do cérebro valem bolsa de 1,7 milhões de euros
Conselho Europeu de Investigação financia a investigadora Catarina Homem.
Um projecto sobre a regulação de células estaminais do cérebro vai receber uma bolsa do Conselho Europeu de Investigação (ERC, na sigla em inglês) no valor de 1,7 milhões de euros. A cientista premiada é Catarina Homem, investigadora principal do Centro de Estudos de Doenças Crónicas (Cedoc) da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa.
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Um projecto sobre a regulação de células estaminais do cérebro vai receber uma bolsa do Conselho Europeu de Investigação (ERC, na sigla em inglês) no valor de 1,7 milhões de euros. A cientista premiada é Catarina Homem, investigadora principal do Centro de Estudos de Doenças Crónicas (Cedoc) da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa.
Em geral, Catarina Homem quer perceber a forma como as células estaminais embrionárias dão origem a diferentes células do organismo, no sítio certo e no tempo certo. A mosca-do-vinagre, ou drosófila, é o seu modelo de investigação. Ora, as células estaminais são essenciais para o desenvolvimento de um embrião. A certa altura, cessam funções e desaparecem (apenas uma minoria permanece na idade adulta). “Para que isto aconteça, o número de células estaminais tem de ser fortemente regulado durante o desenvolvimento”, lê-se num comunicado do Cedoc, que divulgou esta segunda-feira a atribuição da bolsa.
Agora, a cientista quer aprofundar o estudo das células estaminais do cérebro (que já “só” vão dar origem a vários tipos de células deste órgão) e ver de que forma o metabolismo e a nutrição determinam o destino das células estaminais.
“Olhando por outro prisma, as células estaminais dividem-se um número certo de vezes e, caso as células não parem de se dividir e não desapareçam, podem dar origem a tumores”, explica Catarina Homem citada no comunicado. Acrescenta-se ainda que defeitos na coordenação das células estaminais podem levar a malformações, daí a importância do estudo.
Agora, a bolsa do ERC vai apoiar esta investigação durante cinco anos. “Ter recebido este prémio tão competitivo é um reconhecimento da minha carreira e da nossa visão científica. Este financiamento vai permitir expandir a minha equipa, comprar equipamento de vanguarda, para além de que vai permitir testar as nossas hipóteses e seguir todos os resultados sem restrições.”
Nos últimos dias, outros dois investigadores portugueses foram também notícia pela atribuição de uma bolsa do ERC, cada uma no valor de 1,5 milhões de euros: Dulce Freire, do Instituto de Ciências Sociais de Lisboa, pelo seu projecto sobre a história das sementes na Península Ibérica; e Pedro Leão, do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto, para o estudo de novos compostos naturais em cianobactérias.
Ainda este ano, Catarina Homem recebeu uma bolsa de 650 mil euros de uma parceria de filantropia estabelecida entre o Instituto Médico Howard Hughes (EUA), a Fundação Bill e Melinda Gates (EUA), o Wellcome Trust (Reino Unido) e a Fundação Calouste Gulbenkian (Portugal). O seu objectivo de estudo é (na mesma) como é que evoluem as células estaminais. A investigadora dizia na altura sobre essa bolsa: “Existe liberdade para mudar o rumo da investigação, o que pode proporcionar descobertas inesperadas e inovadoras.”