O que podem fazer municípios, associações e cidadãos

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Municípios

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— Adoptar boas práticas de iluminação e utilizar a menor quantidade de luz possível, reduzindo-se a reflexão no solo e o encandeamento. Uma boa uniformidade da iluminação é garante de um melhor ambiente, com menos contrastes e zonas de sombra, sem que a segurança seja comprometida.
— Não utilizar luz branca no exterior à noite. De uma forma geral, evitar toda a luz que contenha comprimentos de onda inferiores a 500 nanómetros, no espectro. Actualmente, grande parte da iluminação por LED de temperatura co-relacionada de cor (CCT) inferior a 2700K possui estas características (em particular os LED âmbar ou pc-âmbar). Dado o avanço da tecnologia LED, não será de estranhar que num futuro próximo seja possível luz com CCT de 2700K ou próximo sem a componente azul.
— Utilizar sensores de movimento sempre que possível.
— Utilizar sistemas com possibilidade de regulação do fluxo (menos luz ou desligamento total nas horas de menor movimento).
— Promover e valorizar a qualidade do céu nocturno do município, candidatando-se a selos de qualidade ou reservas de céu escuro.
— Fusão de LED de temperatura de cor mais elevada (3000K) nas horas de maior movimento (início da noite, até uma hora e meia a duas horas após o pôr do Sol), que serão desligados e substituídos por LED de temperatura de cor mais quente (âmbar, por exemplo) durante o resto da noite.
— Eliminar progressivamente os candeeiros com ópticas com ULOR>0% (i.e., com emissão para cima ou para os lados) e utilizar apenas candeeiros do género “full cut-off” (ULOR 0%), dirigidos para baixo — e não oblíquos em relação ao solo, como por vezes acontece deliberadamente na instalação de alguns candeeiros com ULOR de 0%.
— Introduzir regulamentação regional de modo a que os esforços do município não sejam desequilibrados por introdução de iluminação com fins publicitários ou outra.
— Reduzir, eliminar ou evitar a iluminação cénica. Evitar iluminação branca e apontar sempre a iluminação de cima para baixo.
— Respeitar os ecossistemas e zonas ecologicamente mais sensíveis. 

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O Aqueduto da Água da Prata, em Évora, terá um novo projecto de iluminação cénica

Cidadãos

— Sempre que possível, fechar os estores/persianas das divisões iluminadas. Um estudo recente (Salvador Bará et al, 2017, em pré-publicação), efectuado para já em duas cidades da Galiza, revela que essa contribuição se situa próximo dos 25% do total do brilho do céu (dependendo da cidade), sendo máxima nas primeiras horas da noite e diminuindo com o avançar da noite.
— Nas regiões de céu escuro, respeitar o céu local e os seus frequentadores e evitar o uso de luz auxiliar supérflua (LED dos flashs dos telemóveis, por exemplo). Os olhos habituam-se rapidamente ao escuro e a sensibilidade é tanto maior quanto mais tempo estiverem em condições de escuridão. 

Associações ambientalistas, astronómicas, moradores ou outras

— Alertar os municípios para as situações de iluminação excessiva ou branca nas suas localidades/vila/cidade.
— Reivindicar o direito a usufuir-se de um céu estrelado.
— Alertar para as consequências na saúde, ecológicas, na astronomia, no bem-estar, na economia.

Este artigo encontra-se publicado no P2, caderno de Domingo do PÚBLICO