No abismo da extinção, Quercus alerta para “importância ecológica” dos abutres
Os abutres limpam os campos de animais mortos e evitam a proliferação de doenças. Duas das três espécies existentes em Portugal estão em perigo de extinção.
Face ao perigo de extinção de duas das três espécies dos famigerados abutres existentes em Portugal, a associação ambiental Quercus emitiu um comunicado em que alerta para a importância destes animais, que desempenham um papel “fundamental” na “manutenção do equilíbrio ambiental do meio em que habitam”. O aviso surge na sequência do Dia Internacional do Abutre, que se assinala este sábado — a data corresponde ao primeiro sábado de Setembro de cada ano).
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Face ao perigo de extinção de duas das três espécies dos famigerados abutres existentes em Portugal, a associação ambiental Quercus emitiu um comunicado em que alerta para a importância destes animais, que desempenham um papel “fundamental” na “manutenção do equilíbrio ambiental do meio em que habitam”. O aviso surge na sequência do Dia Internacional do Abutre, que se assinala este sábado — a data corresponde ao primeiro sábado de Setembro de cada ano).
Este equilíbrio ambiental é assegurado porque os abutres são aves necrófagas, alimentam-se do cadáver de animais, razão pela qual são agraciadas pela Quercus, já que limpam os campos de animais mortos e evitam a proliferação de doenças.
Segundo a Quercus, existem três espécies de abutres em Portugal: o mais comum é o grifo (de nome científico Gyps fulvus, que conta com uma população reprodutora de cerca de 500 casais em solo nacional), mas também há menos de uma centena de casais de abutres do Egipto (Neophron percnopterus, que vivem sobretudo no interior, em Trás-os-Montes, Beiras e Alentejo) e ainda 15 casais do abutre-negro (Aegypius monachus). Estas duas últimas espécies encontram-se “criticamente em vias de extinção”, escreve a Quercus.
No início do século passado, a presença de abutres em Portugal era bastante mais comum, já que a agricultura tradicional lhes facilitava a existência. Mas outros factores contribuem também para o perigo de extinção: “os envenenamentos, os abates ilegais, a electrocução e colisão em linhas eléctricas, a perda do habitat e a escassez de alimento”, enumera a associação ambiental.
Outra ameaça, enuncia a Quercus, é a “tentativa” de introdução em solo nacional do fármaco veterinário Diclofenac – um anti-inflamatório não esteróide – que provoca insuficiência renal nos abutres causando a sua morte num curto espaço de tempo. Na Índia, a utilização deste fármaco levou à extinção em massa de várias espécies de abutres.
Para ajudar a mitigar os perigos que voam em torno dos abutres, a Quercus mantém três campos de alimentação para abutres na zona do Parque Natural do Tejo Internacional.
Os abutres são aves de grande envergadura incapazes de voar grandes distâncias unicamente pelo seu bater das asas, razão pela qual tomam partido da força do vento e das correntes térmicas, que lhes permitem procurar alimento noutros territórios. A visão sofisticada destas aves possibilita que descubram o corpo de um animal de médio porte até cerca de três quilómetros de distância.