Carlos Moedas: “PSD sempre foi e será um partido de tolerância”

Comissário europeu escusou-se a comentar o candidato a Loures André Ventura.

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Carlos Moedas diz que a tecnologia está a esgotar a forma actual de fazer política Nuno Ferreira Santos

O comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas, fez a defesa do PSD como um partido tolerante e elogiou a postura do seu líder Pedro Passos Coelho nesta matéria. Mas escusou-se a pronunciar-se sobre o discurso do candidato social-democrata a Loures André Ventura.

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O comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas, fez a defesa do PSD como um partido tolerante e elogiou a postura do seu líder Pedro Passos Coelho nesta matéria. Mas escusou-se a pronunciar-se sobre o discurso do candidato social-democrata a Loures André Ventura.

Carlos Moedas falava, esta terça-feira, à margem de um jantar-conferência na 15ª Universidade de Verão do PSD, a decorrer em Castelo de Vide. Na sessão, perante 60 jovens, o antigo governante falou dos problemas na Europa relacionados com o racismo e a intolerância, em particular em países como a Hungria.

Questionado pelos jornalistas sobre o discurso de André ventura – que fez declarações polémicas sobre ciganos e que já defendeu a pena de morte para terroristas  - o comissário europeu escusou-se a comentar questões da política nacional.

Mas fez a defesa intransigente dos valores de tolerância do PSD e do seu líder. “O PSD é um partido de tolerância. Nem se pode admitir que seja um partido racista muito menos o seu líder pela sua vida pessoal e por aquilo que diz e que faz”, afirmou.

Perante a insistência dos jornalistas, Carlos Moedas reforçou: “O PSD sempre foi e será um partido de tolerância”. O social-democrata lembrou que o mesmo não acontece na extrema-esquerda e na extrema-direita. Foram esses polos opostos que se manifestaram contra o tratado comercial com o Canadá e que se aliam em votações no Parlamento Europeu, referiu. “Onde eu não vejo [tolerância] é na extrema esquerda e na extrema direita que querem fechar o mundo”, afirmou.

Perante a plateia de jovens, Carlos Moedas defendeu a necessidade de “globalizar a política” e de a ligar ao cidadão. E considerou que é a essa geração que se coloca o desafio. Até porque vai entrar em cena na política, depois de estar a sair a geração do pós-25 de Abril.

Sem um tema anunciado no jantar-conferência, Carlos Moedas começou por assumir que estava a dirigir-se a uma plateia que “não gosta da política” e que acha que “a política não vai resolver nada”, mas que é a geração “mais bem preparada”. E é a ela que cabe tornar a política global. “O maior desafio da vossa geração vai ser globalizar a política. Porque as decisões políticas não são tomadas país a país, porque as fronteiras já não contam”, afirmou o antigo secretário de Estado-Adjunto do Governo PSD/CDS, enunciando um princípio: “A economia globalizou-se, a política localizou-se”. E como exemplo da incapacidade da política para resolver os problemas referiu as mensagens racistas que circulam nas redes sociais: “O racismo é crime em muitos países. No Twitter e no Facebook vejo isso todos os dias e as pessoas não são presas.”

A tecnologia está a esgotar a forma actual de fazer política. “No mundo da tecnologia, a política já não pode ser feita de cima para baixo. Há 100 anos tínhamos uma elite que dizia o que fazer aos cidadãos. Hoje tem de ser de baixo para cima”, afirmou, apontando como exemplos desse modelo o crowdfunding (financiamento colectivo para projectos) e orçamentos participativos.