Morreu Wilson das Neves, o maior baterista brasileiro do século XX

Considerado uma referência do samba, o cantor e compositor morreu aos 81 anos. Participou em mais de 800 discos, trabalhando com nomes como Chico Buarque ou Elza Soares.

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O baterista brasileiro em Lisboa, no ano de 2010 Pedro Cunha/ARQUIVO

O baterista brasileiro Wilson das Neves morreu na noite deste sábado, aos 81 anos, na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro — a mesma cidade onde nasceu, em 1936. Com mais de 60 anos de carreira, o compositor e cantor era considerado uma referência do samba – o maior baterista brasileiro do século XX – e trabalhava há mais de 30 anos como baterista do cantor Chico Buarque, que o apresentava em palco como “o baterista do [seu] coração”.

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O baterista brasileiro Wilson das Neves morreu na noite deste sábado, aos 81 anos, na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro — a mesma cidade onde nasceu, em 1936. Com mais de 60 anos de carreira, o compositor e cantor era considerado uma referência do samba – o maior baterista brasileiro do século XX – e trabalhava há mais de 30 anos como baterista do cantor Chico Buarque, que o apresentava em palco como “o baterista do [seu] coração”.

Ao longo da sua carreira, participou em cerca de 800 discos, trabalhando com nomes como Elza Soares, Roberto Carlos, Ney Matogrosso ou Sarah Vaughan. Também fez parte da big band Orquestra Imperial, tal como Rodrigo Amarante ou Moreno Veloso. Um dos fundadores da orquestra, Domenico Lancellotti, considerava Wilson das Neves como sendo “um sábio que esbanja humildade e talento”.  

Numa entrevista ao PÚBLICO, publicada em Outubro de 2010, Wilson das Neves dizia que não foi ele que escolheu o samba, foi o samba que o escolheu a ele: “Eu não descobri não, o samba é que me descobriu. As coisas é que escolhem a gente”. 

Quando era pequeno, ouvia de tudo na rádio: “Tango, canções francesas, música portuguesa... Amália Rodrigues, maravilhosa, infelizmente não toquei com ela, que ela não usava bateria!”, afirmava, na mesma entrevista ao PÚBLICO. "Quando uma pessoa aprende música, sabe que a música se compõe de ritmo, harmonia e melodia. Se não tem as três, não é música. Bem tocado, direito, afinado, bonito, gosto de qualquer instrumento. Música é a voz da alma. É a alma da gente que fala", garantia o compositor. 

Wilson das Neves estreou-se como cantor em 1996, com o álbum O som sagrado de Wilson das Neves, onde consta a canção Grande Hotel, que escreveu com Chico Buarque. Como intérprete, gravou ainda outros três discos: Brasão de Orfeu, em 2004, Pra Gente Fazer Mais um Samba, em 2010 e Se me Chamar, Ô Sorte, de 2013.

A morte foi anunciada nas redes sociais do baterista: "É com profundo pesar que anunciamos o falecimento de um dos maiores nomes da música brasileira", lê-se na página do Instagram de Wilson das Neves. "Instrumentista diferenciado, compositor e cantor brilhante nos últimos anos. (...) A família agradece as condolências e em breve informaremos sobre o funeral". Há anos que o compositor sofria de um cancro.

Na sequência da notícia da sua morte, vários artistas como Zeca Pagodinho ou Chico Buarque prestaram homenagem a Wilson das Neves nas redes sociais — assim como a escola de samba Império Serrano, de que fazia parte.