"Não temos medo", gritam meio milhão de pessoas em Barcelona
Manifestantes aplaudiram polícias e bombeiros que ajudaram as vítimas do ataque nas Ramblas, e assobiaram o rei Felipe VI (o primeiro monarca numa manifestação em Espanha) e o chefe do Governo, Mariano Rajoy, que acusaram de não travar a venda de armas a terroristas.
O rei de Espanha, Felipe VI; o chefe do Governo, Mariano Rajoy; o presidente da Generalitat, Carles Puigdemont, e a presidente da câmara de Barcelona, Ada Colau, cederam a dianteira da grande marcha contra o terrorismo aos representantes das forças de segurança e de emergência, das associações de moradores e comerciantes das Ramblas e das comunidades muçulmanas da região. Atrás de uma faixa onde se lia “No tinc por!” (ou “Não tenho medo”) desafiavam os propósitos dos jihadistas e condenavam a sua violência .
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O rei de Espanha, Felipe VI; o chefe do Governo, Mariano Rajoy; o presidente da Generalitat, Carles Puigdemont, e a presidente da câmara de Barcelona, Ada Colau, cederam a dianteira da grande marcha contra o terrorismo aos representantes das forças de segurança e de emergência, das associações de moradores e comerciantes das Ramblas e das comunidades muçulmanas da região. Atrás de uma faixa onde se lia “No tinc por!” (ou “Não tenho medo”) desafiavam os propósitos dos jihadistas e condenavam a sua violência .
Meio milhão de pessoas, segundo a estimativa da Guarda Urbana de Barcelona, marcharam em solidariedade com as vítimas do atentado de 17 de Agosto, num trajecto semelhante ao de Younes Abouyaaqoub, o homem de 22 anos que investiu a alta velocidade contra a multidão que ocupava a Rambla, matando 13 pessoas, entre as quais duas portuguesas. “Não à islamofobia”, “a melhor resposta é a paz”, diziam cartazes levantados pelos manifestantes.
Abouyaaqoub, como outros cinco integrantes da mesma célula terrorista – que no mesmo dia ensaiou um ataque semelhante na localidade de Cambrils, a 120 quilómetros de Barcelona – foi morto pela polícia catalã, os Mossos d’Esquadra, depois de andar quatro dias fugido. Na terça-feira, quatro implicados nos atentados foram a tribunal: dois vão aguardar julgamento em prisão preventiva e dois em liberdade condicional.
As investigações prosseguem, tanto em Espanha como fora: uma das prioridades é descobrir as ligações internacionais da célula presumivelmente radicalizada pelo imã de Ripoll, Abdelbaki Es Satty. Outra é impedir que a seita Takfir Wal Hijra (Anátema e Exílio), o movimento clandestino mais radical e violento da corrente salafista, que começou a tentar implantar-se no país a partir de 2007, ganhe terreno.
Na Praça da Catalunha, foi lido e ovacionado o manifesto da marcha “Não temos medo”. “Não temos medo de exprimir a nossa dor pelas vítimas, os nossos pêsames e solidariedade com as famílias, os amigos e todas as pessoas afectadas por este acto cobarde. Não temos medo de condenar estes crimes que pretendem provocar o terror através da morte e da devastação para romper com o nosso modelo de convivência”.
Apesar da demonstração de unidade contra o terror e defesa da paz, os organizadores da jornada de sábado não conseguiram impedir que a divisão política e institucional e a tensão social entre as “autoridades” de Madrid e os representantes do independentismo catalão se fizessem notar. Mariano Rajoy foi repetidamente assobiado e manifestantes com bandeiras de Espanha sentiram-se hostilizados. O rei - foi a primeira vez que um monarca espanhol a participar numa manifestação - também mereceu críticas, e acusações de hipocrisia, por não travar a venda de armas a regimes e grupos que apoiam o terrorismo. Contra-manifestantes levantaram uma faixa com fotografias dos líderes que participaram na cimeira dos Açores que lançou a invasão do Iraque, em 2013, com a legenda “As vossas políticas, os nossos mortos”.