Condenação do “guru do bling” provoca motins que fazem 31 mortos na Índia
Os seguidores de Ram Rahim Singh estão a atacar estações de comboios, bombas de gasolina e carros de estações de televisão nos estados de Haryana e Punjab.
Trinta pessoas morreram e 200 ficaram feridas nos motins que eclodiram em Panchkula, no estado indiano de Haryana, mal foi conhecido que um famoso guru acusado de ter violado duas mulheres foi considerado culpado. O anúncio da sentença está marcado para segunda-feira (a pena mínima de prisão é de sete anos) e as autoridades temem um aumento da violência.
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Trinta pessoas morreram e 200 ficaram feridas nos motins que eclodiram em Panchkula, no estado indiano de Haryana, mal foi conhecido que um famoso guru acusado de ter violado duas mulheres foi considerado culpado. O anúncio da sentença está marcado para segunda-feira (a pena mínima de prisão é de sete anos) e as autoridades temem um aumento da violência.
Antes de a decisão ser conhecida, milhares de pessoas começaram a sair à rua — 200 mil cercaram o tribunal — nos estados de Haryana e no Punjab, no noroeste do país. Ficaram enfurecidas com o veredicto do caso contra Ram Rahim, cuja popularidade é comparada à de uma mega-estrela de Bollywood. Estava acusado de ter violado duas mulheres em 2002 na sede do grupo que lidera desde que tinha 23 anos (agora tem 50), o Dera Sacha Sauda, na cidade de Sirsa.
Os seguidores deste homem que diz ser um líder religioso atacaram estações de comboios, bombas de gasolina e carrinhas de canais de televisão e partiram carros em Haryana e no Punjab. A dimensão da violência levou as autoridades a declarar o recolher em Panchkula e a bloquear as redes de telemóveis e a Internet.
As autoridades políticas e policiais estão a ser acusadas de não terem percebido o potencial de violência deste julgamento. Tentam agora remediar o que parece estar descontrolado — soldados patrulham as ruas de várias cidades e a fronteira entre os estados vizinhos de Haryana e Punjab foi fechada. Mas os motins alastram — em Nova Deli, a capital, foram incendiados autocarros por seguidores que gritavam (como no resto do país) que Ram Rahim é inocente.
Ram Rahim Singh comanda uma legião de seguidores — ele diz serem 60 milhões em todo o mundo. É um líder espiritual e um entertainer. Escreve e protagoniza filmes de grande sucesso, dá concertos em recintos que juntam dezenas de milhares de seguidores e fãs, diz que a Dera Sacha Sauda é uma organização espiritual sem fins lucrativos mas é milionário e abriu uma cadeia de produtos biológicos a que chamou MSG, de Messenger of God (mensageiro de deus, um dos seus filmes).
Tem um estilo particular de se vestir e, por isso, chamam-lhe “rockstar baba” (um baba é homem sábio) e “guru do bling”.
É difícil definir o género de espiritualidade. A seita foi fundada nos anos de 1940 por um asceta para promover a meditação e rejeitar a riqueza material, mas Ram Rehim não é nada disso. Está a ser investigado por ter instigado 400 dos seus seguidores a castrarem-se para ficarem mais próximos de deus.
Ram Rahim chegou esta sexta-feira ao tribunal com uma caravana de cem veículos. Saiu debaixo de escolta militar para um local não revelado onde ficou detido.