Mark Deputter substitui Miguel Lobo Antunes na Culturgest

O programador belga que lançou o Alkantara Festival e dirigia o Teatro Maria Matos desde 2008 será o novo administrador da fundação da Caixa Geral dos Depósitos com a tutela da programação e da colecção de arte.

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Mark Deputter em 2008 na então nova sede do Alkantara, que inaugurou pouco antes de sair para o Teatro Municipal Maria Matos ENRIC VIVES-RUBIO

O actual director do Teatro Maria Matos está de malas feitas para a Culturgest, onde irá substituir Miguel Lobo Antunes no cargo de administrador com o pelouro da programação e a tutela da colecção de arte da Caixa Geral de Depósitos. Mark Deputter (n. 1961), que chegou a Lisboa em 1995 para dirigir com a bailarina e coreógrafa Mónica Lapa (1965-2001) o festival Danças na Cidade e foi depois o principal agente da sua reconversão no consolidado Alkantara Festival, já se despediu da sua equipa no teatro municipal e deverá assumir as novas funções em Setembro.

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O actual director do Teatro Maria Matos está de malas feitas para a Culturgest, onde irá substituir Miguel Lobo Antunes no cargo de administrador com o pelouro da programação e a tutela da colecção de arte da Caixa Geral de Depósitos. Mark Deputter (n. 1961), que chegou a Lisboa em 1995 para dirigir com a bailarina e coreógrafa Mónica Lapa (1965-2001) o festival Danças na Cidade e foi depois o principal agente da sua reconversão no consolidado Alkantara Festival, já se despediu da sua equipa no teatro municipal e deverá assumir as novas funções em Setembro.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) não adianta, para já, quaisquer detalhes acerca dos termos do mandato do novo administrador nem das razões que levaram à sua escolha, uma vez que, como sublinhou fonte oficial do banco ao PÚBLICO, “o processo ainda não está concluído”. Só em Setembro ficará estabelecido se Deputter replicará o modelo de delegação de competências do seu antecessor – Miguel Lobo Antunes assegurava pessoalmente a programação da Culturgest nas áreas da música, do cinema e das conferências e tinha assessores para as artes plásticas (Delfim Sardo)o teatro (Francisco Frazão) e a dança (Gil Mendo) – ou optará por outro tipo de organização interna.

A programação da casa para os últimos meses deste ano, já tornada pública, é ainda da inteira responsabilidade de Lobo Antunes, pelo que só a partir de 2018 a Culturgest começará a reflectir a personalidade do novo administrador, que sempre teve nas artes performativas a sua zona de conforto – licenciado em Línguas e Literaturas Germânicas pela Universidade Católica de Lovaina, veio a integrar o Departamento de Estudos Teatrais da mesma universidade antes de se tornar, em 1988, director artístico do centro de artes performativas STUC. Já em Portugal, e paralelamente às suas funções enquanto director do Danças na Cidade e do Alkantara, foi também programador de dança do Centro Cultural de Belém (1996-2001) e do Teatro Camões, sede da Companhia Nacional de Bailado (2006-2007), até à sua chegada ao Maria Matos, em 2008.

“Sangue novo”

O processo de escolha do substituto de Miguel Lobo Antunes, que em Dezembro passado manifestou a sua intenção de se reformar em Abril ou Maio deste ano, passou por uma consulta pública, lançada a 1 de Junho pela CGD, num procedimento inédito na história da fundação. A instituição procurava então “recolher eventuais manifestações de interessados” em preencher o lugar que o programador ocupava no Conselho de Administração e no Conselho Directivo da fundação, “em especial para as funções inerentes (…) à programação e à comunicação e ainda à gestão da colecção de artes da CGD”. O PÚBLICO não conseguiu apurar quantos candidatos se apresentaram à consulta, nem a composição do júri que presidiu à avaliação das candidaturas.

Lobo Antunes, que completa 70 anos em Dezembro, chegou à Culturgest em 2004 para substituir Fátima Ramos na vice-presidência da fundação mas acabaria por ocupar-se também pessoalmente da programação, uma vez que o director artístico à data, António Pinto Ribeiro, saiu da Culturgest dias depois do anúncio da sua nomeação. No final do ano passado, anunciou publicamente a intenção de cessar as suas funções, considerando que estava na “altura de entrar sangue novo” na fundação.

Entretanto, no Maria Matos

A saída de Mark Deputter da direcção do Maria Matos não preocupa a presidente da EGEAC, a empresa municipal que gere os equipamentos e a agenda cultural da câmara de Lisboa. Elogiando o trabalho deste belga que vive em Portugal desde 1995, Joana Gomes Cardoso defende que a sua substituição não é urgente, já que a programação da casa está garantida até meados do próximo ano (entretanto, de resto, haverá eleições autárquicas).

“O Mark deixou tudo previsto até Julho de 2018 e por isso vamos agora fazer uma análise interna com toda a tranquilidade”, diz ao PÚBLICO. “Vamos olhar para a cidade como um todo, para o que estão a programar outras salas como o Centro Cultural de Belém e o Teatro [Nacional] D. Maria II, vamos conversar com o Mark para saber o que tem na cabeça para a Culturgest e depois pensar num modelo para o Maria Matos que nos ajude a garantir a diversidade na oferta cultural de Lisboa.”

Este diagnóstico às necessidades da cidade contará com a participação da vereação da Cultura, do próprio Deputter e de outros agentes culturais. “Não é só no novo director do Maria Matos que temos de pensar – temos de definir o que queremos para aquele teatro. Passaram dez anos e a cidade mudou muito. Além de analisarmos o que ela oferece aos vários públicos é preciso ir à procura do que lhe falta.”

Joana Gomes Cardoso não sabe ainda como será feita a substituição de Deputter, se por concurso, se por convite directo ou qualquer outro modelo porque desconhece se, perante a saída do director artístico, a actual equipa daquele teatro municipal se mantém. “Ainda é cedo para falar nisso.”

O PÚBLICO tentou contactar Mark Deputter mas, até ao momento, não foi possível obter quaisquer declarações do programador.