James Baldwin adaptado ao cinema por Barry Jenkins
O realizador de Moonlight, o filme galardoado com o Óscar, tem em mãos o projecto de adaptação do romance If Beale Street Could Talk.
O realizador de Moonlight, o filme galardoado com o Óscar, tem em mãos o projecto de adaptação do romance If Beale Street Could Talk de James Balwin – editado em 1974, é a história de um casal do Harlem, Nova Iorque, que se vê separado pela prisão do jovem, (falsamente) acusado de violação. O Hollywood Reporter anuncia para o Outono o início da rodagem do novo filme de Barry Jenkins.
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O realizador de Moonlight, o filme galardoado com o Óscar, tem em mãos o projecto de adaptação do romance If Beale Street Could Talk de James Balwin – editado em 1974, é a história de um casal do Harlem, Nova Iorque, que se vê separado pela prisão do jovem, (falsamente) acusado de violação. O Hollywood Reporter anuncia para o Outono o início da rodagem do novo filme de Barry Jenkins.
É um regresso da radicalidade de Baldwin ao centro da cultura pop norte-americana, regresso de um corpo elegante e orgulhoso na solidão da sua liberdade. É uma espécie de apoteose que que já se lera, é claro, com os efeitos do documentário I’m Not Your Negro, de Raoul Peck, baseado nos escritos de Baldwin: os livros do autor norte-americano (1924-1987) regressaram, no final do ano passado, às livrarias, e Baldwin passou a estar em todo o lado. O filme de Peck desafiou a América a olhar-se no que tem de mais incómodo.
A voz de alguém que falou do seu tempo - os anos 50 e 60 da segregação racial, que falou da sua descoberta, que era a das crianças negras de 5, 6, 7 ou 8 anos, que começavam por ver caras brancas nos ecrãs de cinema e achavam que isso as representava, para descobrirem que, afinal, a América não as incluía, nem na sua realidade nem na sua representação - continua a falar no presente.
E é o “regresso” de Baldwin a Hollywood. Onde esteve, em 1968, para adaptar The Autobiography of Malcolm X, de Alex Haley (três anos depois do assassinato do seu amigo activista), projecto de que se afastou, frustrado, por a sua visão íntima, pessoal, de Malcolm X estar a ser violentada pelos estúdios, que iam fazendo o argumento aproximar-se da visão dominante de um extremista. Baldwin foi-se embora com o que escrevera. Contou essa experiência decepcionante em The Devil Finds Works (1976), livro de notas e observações sobre o cinema, em que se faz crítico de cinema e um scanner que revela a crueldade do sonho americano - escrevendo sobre The Birth of a Nation de Griffith ou escrevendo sobre O Exorcista.