Nova tecnologia portuguesa conserva alimentos a frio e sem substâncias químicas
Investigadores da Universidade Católica do Porto e da Universidade de Aveiro desenvolveram uma tecnologia que pode gerar produtos mais saudáveis e frescos
Uma tecnologia para conservar os alimentos sem recurso a tratamento térmico nem substâncias químicas foi desenvolvida por investigadores do Porto, com o intuito de gerar produtos mais seguros. A finalidade desta tecnologia é "produzir alimentos mais frescos e saudáveis, que sejam benignos tanto para a saúde como para o ambiente", disse à Lusa o investigador Norton Komora, da Escola Superior de Biotecnologia (ESB) da Universidade Católica do Porto, uma das entidades responsáveis pelo projecto.
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Uma tecnologia para conservar os alimentos sem recurso a tratamento térmico nem substâncias químicas foi desenvolvida por investigadores do Porto, com o intuito de gerar produtos mais seguros. A finalidade desta tecnologia é "produzir alimentos mais frescos e saudáveis, que sejam benignos tanto para a saúde como para o ambiente", disse à Lusa o investigador Norton Komora, da Escola Superior de Biotecnologia (ESB) da Universidade Católica do Porto, uma das entidades responsáveis pelo projecto.
Responder "às novas tendências biológicas e ao perfil cada vez mais conscious consumer [consumidor consciente] a nível mundial", é outro dos objectivos indicou Norton Komora. De acordo com o investigador, muitos dos alimentos processados são submetidos a tratamentos com altas temperaturas (alguns acima dos 70 graus centígrados), como a pasteurização, com o propósito de reduzir ou eliminar a carga microbiana potencialmente nociva para a saúde dos consumidores, garantindo a sua segurança alimentar.
No entanto, apesar da aplicação do calor gerar "alimento seguro", esta tem "um impacto negativo nas características associadas à sua frescura e sabor". A tecnologia, desenvolvida no âmbito do projecto Bio-Cold Pasteurization, promove a inactivação microbiana através da utilização sinérgica de agentes antimicrobianos naturais e alta pressão, a uma temperatura máxima de 20 graus centígrados.
Numa primeira fase, explicou o investigador, os agentes antimicrobianos naturais são incorporados nos alimentos, sendo depois embalados e submetidos a condições mínimas de alta pressão e temperatura de refrigeração. A tecnologia, que demorou cerca de dois anos a ser desenvolvida, pode ser aplicada a uma vasta gama de alimentos, "diferenciando-se pela sua capacidade de gerar uma multiplicidade de cocktails de agentes antimicrobianos, formulados à medida, que levam à inactivação de diversos agentes patogénicos em diferentes tipos de alimentos", acrescentou Norton Komora.
A ideia para este projecto surgiu da necessidade de atingir a ausência de bactérias patogénicas em alimentos tradicionais que não podem sofrer processamento térmico sem perderem as principais características, como é o caso dos queijos de leite cru, dos produtos de charcutaria frescos e fermentados e dos mariscos. Além de Norton Komora participam no projecto os investigadores Cláudia Maciel, Paula Teixeira e Sónia Marília Castro, da ESB, e Jorge Saraiva, do Departamento de Química da Universidade de Aveiro. O Bio-Cold Pasteurization foi um dos dois projectos premiados, em Julho, na primeira edição do Biotech_agrifood Innovation, um concurso da ESB que valoriza resultados de investigação no sector agroalimentar.