Mais de metade dos óleos alimentares acabam no esgoto
Os números são da Zero: todos os anos são despejadas nos esgotos 35.000 toneladas de óleos alimentares, 60% da totalidade dos óleos usados. Faltam oleões, diz a associação
A associação ambientalista Zero alertou para a reduzida reciclagem de óleos alimentares usados, que leva a que todos os anos sejam despejadas nos esgotos 35.000 toneladas, um desperdício anual calculado em 28 milhões de euros. Nas contas da associação são despejados nos esgotos domésticos 60% dos óleos usados. E a culpa é essencialmente das famílias, mas também do sector hoteleiro e da restauração.
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A associação ambientalista Zero alertou para a reduzida reciclagem de óleos alimentares usados, que leva a que todos os anos sejam despejadas nos esgotos 35.000 toneladas, um desperdício anual calculado em 28 milhões de euros. Nas contas da associação são despejados nos esgotos domésticos 60% dos óleos usados. E a culpa é essencialmente das famílias, mas também do sector hoteleiro e da restauração.
Esses óleos, que podiam ser valorizados para biodiesel, criando um volume de negócios de 28 milhões de euros, vão para os colectores de esgotos domésticos, "criando problemas nas estações de tratamento de águas residuais ou prejudicando os ecossistemas marinhos".
Num comunicado, a Zero, com base em dados de 2015 fornecidos pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), explica que nesse ano foram colocadas no mercado 77.000 toneladas de óleos alimentares. Descontando as diferentes taxas de perda, deveriam ser recicladas 58.000 toneladas. "Todavia, a informação dada pela APA é que se recolhem apenas 23.000 toneladas, pelo que 35.000 toneladas acabam nos colectores de águas residuais", constata a Zero.
Ao todo, diz a organização ambientalista, 15.000 toneladas (44% do total) são colocadas nos esgotos pelos cidadãos e 19.000 toneladas são desperdiçadas pelo sector dos hotéis, cafés e restaurantes. É este sector o que gera a maior percentagem de resíduos de óleos alimentares, 69%, com o sector doméstico a gerar mais 25% e a indústria (batatas fritas, por exemplo) apenas 6%.
Com estes números, a Zero garante que o sistema de recolha implementado em Portugal "não funciona", sendo que a taxa de recolha no sector doméstico é de 1,6%. E no sector da hotelaria e restauração, a taxa de 46% parece aceitável, mas só revela que a lei não é cumprida, porque a entrega de óleos usados é obrigatória. De resto, metade das autarquias também não cumpre a legislação que obriga a instalar pontos de recolha em função do número de residentes (com menos de 25.000 habitantes terá de instalar 12 pontos, com mais de 300.000 serão 80).
E, assim, pelo menos 17 milhões de litros de óleos usados são despejados pelos cidadãos nos esgotos domésticos, diz a associação. São quase dois mil litros por hora, aumentando os custos de tratamento das águas residuais em 25% e afectando o ambiente. Problemas que poderiam ser evitados e, ao mesmo tempo, gerar recursos, como faz a BRAVAL — sistema multimunicipal que abrange os municípios de Braga, Póvoa de Lanhoso, Vieira do Minho, Amares, Vila Verde e Terras de Bouro, apontado pela Zero como um bom exemplo.
A associação ambientalista recomenda um esforço para melhorar a recolha de informação e de sensibilização da população e um reforço da fiscalização do cumprimento da lei, além da criação de incentivos para que a recolha possa ser melhorada nos municípios.