Líder da oposição iraniana termina greve de fome

Mehdi Karroubi, um dos protagonistas do Movimento Verde, conseguiu uma das suas reivindicações. Mas continua em prisão domiciliária.

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Mehdi Karroubi termina greve de fome. Continua a exigir um julgamento público RAHEB HOMAVANDI/Reuters

Mehdi Karroubi, 79 anos, começou uma greve de fome em desafio às autoridades iranianas, prometendo não comer nem beber até as autoridades o acusarem oficialmente ou retirarem os guardas da porta de sua casa que o mantêm, há seis anos, em prisão domiciliária.

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Mehdi Karroubi, 79 anos, começou uma greve de fome em desafio às autoridades iranianas, prometendo não comer nem beber até as autoridades o acusarem oficialmente ou retirarem os guardas da porta de sua casa que o mantêm, há seis anos, em prisão domiciliária.

Karroubi foi hospitalizado. Já antes de iniciar a greve de fome, estava fragilizado: nas últimas semanas foi operado ao coração e foi internado mais duas vezes. O filho disse que decidiu terminar a greve de fome depois de as autoridades concordarem em retirar os guardas que estavam no interior da sua casa. 

A mulher de Karroubi disse antes ao site Saham News que a presença dos guardas era inédita, assim como "escutas e câmaras”. “Se é para continuar em prisão domiciliária, ele quer ser acusado e ter um julgamento público”, declarou.

A prisão domiciliária de Karroubi era algo que muitos esperavam que o Presidente iraniano, Hassan Rouhani, ajudasse a terminar – afinal, Rouhani fez da libertação dos presos políticos um tema de campanha antes de ser eleito pela primeira vez, em 2013. 

Mas depois de assumir a presidência Rouhani concentrou esforços na concretização de um acordo com os EUA para o nuclear, já visto como um passo liberal pelo establishment conservador, e terá ficado sem manobra para mais uma medida potencialmente controversa e que não agradaria ao Líder Supremo, o ayatollah Khamenei – que é quem tem de facto o poder no país.

Karroubi, assim como Mir-Moussein Mousavi, 75 anos, concorreram contra o então Presidente, Mahmoud Ahmadinejad, nas eleições de 2009, em que suspeitas de manipulação dos resultados levaram milhões às ruas – e a uma repressão brutal, que teve sucesso. Foram depois postos em prisão domiciliária.

Mas o regime nunca formalizou uma acusação contra Karroubi ou Moussavi. “O meu pai quer um julgamento em público na presença de um júri como está estabelecido no artigo 168 da Constituição”, disse o filho, Mohammad-Taghi Karroubi. “Quer responder às acusações feitas pelo Estado.”