Um balde de água fria
A estimativa rápida do INE de uma taxa de crescimento homóloga de 2,8% no 2º trimestre de 2017 desapontou, apesar de consolidar o crescimento homólogo do 1º trimestre ao melhor nível desde o 4º trimestre de 2007 e de representar a melhor taxa de crescimento homólogo semestral desde a segunda metade de 2000. Esperava-se mais, dadas as elevadas taxas de crescimento nominal, tanto das exportações como das importações, e a muito boa evolução do mercado de trabalho, com a queda da taxa de desemprego para 8,8% no 2º trimestre de 2017. O Financial Times chama-lhe “A miss from Portugal” (a economia portuguesa não acertou ou não confirmou as expectativas). Mas a realidade é o que é.
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A estimativa rápida do INE de uma taxa de crescimento homóloga de 2,8% no 2º trimestre de 2017 desapontou, apesar de consolidar o crescimento homólogo do 1º trimestre ao melhor nível desde o 4º trimestre de 2007 e de representar a melhor taxa de crescimento homólogo semestral desde a segunda metade de 2000. Esperava-se mais, dadas as elevadas taxas de crescimento nominal, tanto das exportações como das importações, e a muito boa evolução do mercado de trabalho, com a queda da taxa de desemprego para 8,8% no 2º trimestre de 2017. O Financial Times chama-lhe “A miss from Portugal” (a economia portuguesa não acertou ou não confirmou as expectativas). Mas a realidade é o que é.
O crescimento das importações em si não é um mau sinal, dado que indicia uma aceleração da actividade doméstica, nomeadamente do investimento. E taxas nominais tão elevadas de crescimento das exportações e importações de bens no segundo trimestre (+7,5% e +13,3%, respectivamente), embora abaixo do crescimento registado no 1º trimestre (+17,1% e +13,1%, respectivamente), são um sinal de dinamismo do sector transaccionável da economia, que cresce muito mais rapidamente do que o PIB (+3,4%, em termos nominais, no 1º trimestre).
O resultado do 2º trimestre torna mais difícil atingir este ano “a meta” dos 3% de crescimento real. Em 2016, a economia cresceu a taxas (em cadeia) baixas nos primeiros dois trimestres e mais elevadas nos dois últimos trimestres. Ou seja, a base de comparação para cálculo da taxa homóloga foi mais baixa na primeira metade do ano de 2016. Na segunda metade de 2016, a economia cresceu mais rapidamente e, por conseguinte, seria necessário registar taxas de crescimento em cadeia elevadas na segunda metade de 2017, para que o crescimento económico viesse a ser igual ou superior a 2,8%.
Este resultado, por paradoxal que possa parecer, ajuda o Governo e, em particular, o Ministro das Finanças, nas negociações para o Orçamento do Estado de 2018. O ministro das Finanças parece entrar nas negociações com uma posição dura: o Governo manteve a projecção de crescimento económico de 1,8% em 2017, apesar de instituições como o FMI já terem revisto a taxa de crescimento para 2,5%.
O maior crescimento económico em 2017 deverá resultar num menor défice em 2017 e anos seguintes. BE, PCP e Verdes gostariam de utilizar a folga orçamental para aumentar despesa pública e reduzir impostos. O Governo parece querer dar prioridade ao “rigor” porque o objectivo parece ser “convencer” as agências de rating e os pares no Eurogrupo e no Conselho Europeu.
Enfim, um balde de água fria que mesmo assim é um bom resultado. A economia parece estar em piloto automático. Oxalá continue assim…