EUA apertam cerco à China por causa da Coreia do Norte
Trump anuncia investigação a práticas comerciais chinesas. Presidente sul-coreano apela a que se evite uma nova guerra.
Numa altura em que a tensão em torno da Coreia do Norte é elevada, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mantém a pressão sobre a China para que use a sua influência sobre Pyongyang.
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Numa altura em que a tensão em torno da Coreia do Norte é elevada, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mantém a pressão sobre a China para que use a sua influência sobre Pyongyang.
Trump fez esta segunda-feira uma recomendação ao seu conselheiro para o comércio, Robert Lighthizer, para que avalie a possibilidade de abrir uma investigação a alegadas práticas comerciais por parte das autoridades chinesas que obrigam as empresas norte-americanas a abdicarem dos direitos de propriedade intelectual. Fontes da Casa Branca garantiram à Reuters que a decisão não está relacionada com a situação na Coreia do Norte. Porém, Trump nunca escondeu que a sua estratégia para lidar com o programa nuclear norte-coreano passa pela pressão sobre Pequim.
A China foi um dos principais alvos de Trump durante a campanha eleitoral, em que raros foram os comícios em que o republicano não acusou Pequim de práticas comerciais “desonestas” – e chegando mesmo a proclamar que a China estava a “violar” os EUA em termos comerciais. Uma das promessas para o primeiro dia na Casa Branca foi a de declarar oficialmente a China como um “manipulador cambial”, mesmo tendo em conta que os dados mostravam que o yuan tem estado na verdade a valorizar.
O tom de Trump em relação à China suavizou consideravelmente a partir do momento em que recebeu o Presidente Xi Jinping, no seu resort de Mar-a-Lago, em Abril. Nesta altura, a Coreia do Norte tinha-se tornado já numa das prioridades da política externa da nova Administração, depois de ter intensificado os seus ensaios balísticos. O Presidente norte-americano decidiu então pôr de lado a sua animosidade e aguardar por progressos no dossier coreano.
A convicção de Trump é de que a China, como principal parceiro comercial da Coreia do Norte e um dos seus poucos aliados, teria de “fazer mais” para levar o regime a congelar o seu programa nuclear. “Perdemos centenas de milhares de milhões de dólares no comércio com a China, eles sabem como me sinto. Se a China nos ajudar [com a Coreia do Norte], eu irei sentir-me de maneira diferente em relação ao comércio”, disse na quinta-feira o líder norte-americano.
É incerto que um aumento de pressão sobre a China possa produzir os resultados desejados por Trump. A influência de Pequim sobre a Coreia do Norte é limitada, especialmente desde que Kim Jong-un chegou ao poder, após a morte do pai em 2011. O Presidente chinês, Xi Jinping, nunca se encontrou com Kim, por exemplo. Para além disso, a China é contra a instalação do sistema anti-míssil norte-americano, conhecido como THAAD, na Coreia do Sul, que considera pôr em causa a sua própria segurança.
Recentemente, a China apoiou um novo pacote de sanções que limitam fortemente as exportações norte-coreanas. O Ministério do Comércio confirmou que as medidas adoptadas pelo Conselho de Segurança da ONU vão ser implementadas a partir desta segunda-feira – acredita-se que os sectores abrangidos pelas sanções representem um terço do rendimento norte-coreano com exportações.
Apesar do fantasma da guerra, dirigentes norte-americanos e sul-coreanos insistem na necessidade de se seguir a via diplomática. Em Seul, o Presidente Moon Jae-in afirmou que “não pode haver mais guerra na Península Coreana”, enquanto recebia o chefe do Estado-maior norte-americano, general Joseph Dunford, que se deslocou à Coreia do Sul para renovar as garantias de protecção ao seu aliado. Dunford disse ser uma obrigação dos EUA assegurar que existe uma “resposta decisiva em caso de ataque”.
Num artigo conjunto publicado no Wall Street Journal, o secretário de Estado da Defesa, James Mattis, e o chefe da diplomacia, Rex Tillerson, sublinharam que a via diplomática é a solução prioritária. O objectivo de Washington, afirmam, é “alcançar uma desnuclearização da Península Coreana completa, verificável e irreversível, e o desmantelamento do programa de mísseis balísticos do regime” de Kim Jong-un.