Pontal é o tiro de partida para seis meses de obstáculos para Passos

PSD abre hoje, em Quarteira, o novo ano político, com uma lista de desafios para o partido mas sobretudo para o seu presidente. O discurso terá que passar pela mobilização para as autárquicas mas também por um combate mais frontal ao Governo.

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Quando hoje subir ao palco para discursar, já caída a noite no calçadão de Quarteira, os aplausos da assistência terão para o presidente do PSD o mesmo efeito da arma que em Londres tem disparado o tiro de partida para as competições no Mundial de Atletismo. Pedro Passos Coelho começa nesta Festa do Pontal a corrida de seis meses de obstáculos até ao congresso do partido: a primeira barreira serão as autárquicas de 1 de Outubro; depois virá a do debate do Orçamento do Estado para 2018, em que o PSD tem de recomeçar a afirmar-se como alternativa; o obstáculo seguinte deve ser nas primeiras semanas do ano, com o processo para as eleições directas dentro do partido e os adversários que se perfilarão; e depois virá o congresso, que em 2016 foi no início de Abril, mas o próximo até pode ser antecipado para Março se a oposição interna se agigantar.

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Quando hoje subir ao palco para discursar, já caída a noite no calçadão de Quarteira, os aplausos da assistência terão para o presidente do PSD o mesmo efeito da arma que em Londres tem disparado o tiro de partida para as competições no Mundial de Atletismo. Pedro Passos Coelho começa nesta Festa do Pontal a corrida de seis meses de obstáculos até ao congresso do partido: a primeira barreira serão as autárquicas de 1 de Outubro; depois virá a do debate do Orçamento do Estado para 2018, em que o PSD tem de recomeçar a afirmar-se como alternativa; o obstáculo seguinte deve ser nas primeiras semanas do ano, com o processo para as eleições directas dentro do partido e os adversários que se perfilarão; e depois virá o congresso, que em 2016 foi no início de Abril, mas o próximo até pode ser antecipado para Março se a oposição interna se agigantar.

Estes são os obstáculos previstos. Faltam os imprevistos e entre esses estarão os ditados pelo resultado dos sociais-democratas nas eleições autárquicas. Há uma linha que o PSD não pode pisar: a 1 de Outubro não pode ficar abaixo das 106 presidências de câmaras (contando com as candidaturas sozinho e as em coligação) que elegeu em 2013. Porque esse foi o pior resultado de sempre do partido em autárquicas e essa é agora a linha vermelha para Pedro Passos Coelho.

O líder social-democrata sabe que à partida há municípios praticamente perdidos – por azar os mais importantes. Os quatro mais populosos – Lisboa, Sintra, Gaia e Porto – o PSD perdeu-os há quatro anos para o PS e para o independente Rui Moreira, e as expectativas de os recuperar são muito baixas (Sintra será o caso com maiores probabilidades). As câmaras a seguir com mais eleitores têm cores dispersas: Cascais é PSD (Carlos Carreiras deverá mantê-la), Loures foi ganha pela CDU ao PS, Braga deve manter-se PSD, Amadora é terreno socialista, Oeiras deverá permanecer independente e Matosinhos é uma incógnita, com três candidaturas na área do PS.

O cenário não é fácil para os sociais-democratas. Já não o era em 2013, quando Passos chegou ao Pontal com medidas de austeridade a serem alvo do crivo do Tribunal Constitucional, em plena troika. Nesse ano, no palco, recusou que as autárquicas do mês seguinte fossem uma “espécie de teste ácido” ao seu Governo, garantiu que o resultado não traria “nenhuma instabilidade governativa” mas foi realista dizendo que o PSD não conseguiria chegar ao resultado “excepcional” de 2009. Apesar de colocar como objectivo ganhar e manter a Associação Nacional de Municípios, acabou por ter apenas 106 presidências de câmara (contra as 150 do PS).

O péssimo resultado de 2013 pode, no entanto, acabar por servir como uma tábua de salvação para Passos se desta vez conseguir ficar ligeiramente acima dele. Ainda assim, poderá não chegar para manter na sombra as vozes críticas que nos últimos dois anos sussurraram no PSD. Rui Rio, por exemplo, não se conformará com nova derrota do partido e deverá chegar-se finalmente à boca do palco. Porque o tempo urge e das directas ou do congresso do PSD até às próximas eleições legislativas faltará apenas ano e meio…

No ano passado, depois de deixar de ser primeiro-ministro, Passos Coelho atacou as políticas da esquerda e antecipou que o Governo estava “esgotado” porque a economia estava estagnada e assim não tinha mais margem financeira para continuar a oferecer reversões, direitos e rendimentos aos parceiros parlamentares. “Esta troika governativa só sabe fazer o que é fácil – e depois do que é fácil acabaram-se as boas ideias”, criticou o líder social-democrata, numa altura em que ainda pairava sobre o país a ameaça de Bruxelas aplicar sanções a Portugal, suspendendo fundos estruturais, por causa do défice.

Hoje, e como gosta de fazer nestas intervenções, Passos Coelho deve falar sobre indicadores económicos, para dizer que as trajectórias de recuperação abrandaram (a dívida pública, por exemplo, até aumentou de 129% do PIB em 2015 para 130,4 no ano passado), que o investimento se mantém débil devido às cativações e que os serviços públicos se estão a deteriorar. Os incêndios e a falta de apoio do Governo às populações deverão ser outro tema incontornável.

No recinto da Festa do Pontal, no extremo nascente do calçadão de Quarteira devem jantar cerca de 2000 pessoas, disse ao PÚBLICO o secretário-geral do partido, José Matos Rosa. Antes da intervenção de Pedro Passos Coelho (prevista para as 21h30), discursam os presidentes da concelhia de Loulé, Rui Cristina, e da distrital de Faro da JSD, Carlos Martins, um candidato a um município algarvio, e o presidente do PSD Algarve, David Santos.