Costa: “O colapso do SIRESP resultou do colapso da rede da PT”

Primeiro-ministro considera inadmissível que haja redes de comunicações aéreas mesmo onde há calhas técnicas enterradas.

Foto
"Fui eu próprio a ir entregar telemóvel a presidente de Câmara de Castanheira de Pera" LUSA/ANTÓNIO COTRIM

Se a Portugal Telecom (PT) não melhorar o serviço que presta, “o SIRESP terá de arranjar outra operadora para suportar as suas comunicações”, declara o primeiro-ministro, António Costa, numa entrevista ao Expresso que será publicada na íntegra na semana que vem, mas da qual o semanário adianta alguns excertos ja na edição deste sábado.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Se a Portugal Telecom (PT) não melhorar o serviço que presta, “o SIRESP terá de arranjar outra operadora para suportar as suas comunicações”, declara o primeiro-ministro, António Costa, numa entrevista ao Expresso que será publicada na íntegra na semana que vem, mas da qual o semanário adianta alguns excertos ja na edição deste sábado.

O semanário explica que neste momento a guerra do Governo após a tragédia de Pedrógão não é nem com a Altice, que controla a operadora Portugal Telecom, nem sequer com o SIRESP, mas com a própria PT. “O colapso do SIRESP resultou do colapso da rede da PT”, revela António Costa, explicando que grande parte da rede de emergência se suporta na rede fixa da Portugal Telecom. “A rede fixa da PT assenta em cabos aéreos que obviamente ardem, numa zona que está a arder. E portanto colapsam as comunicações”. Para o primeiro-ministro, “é inadmissível que as redes de comunicações junto a estradas nacionais que já têm calhas técnicas não estejam enterradas”. Mas essa opção tem custos adicionais.

Para impedir que, por razões relacionadas com o preço, a rede de emergência volte a ser implementada em cabos aéreos (naquela zona e noutras), António Costa anuncia que a partir da próxima segunda-feira haverá uma redução de 50% nos preços cobrados pela Infra-Estruturas de Portugal (empresa pública que detém a cocnessão as estradas, por onde passam esses cabos) para a oferta comercial de Canal Técnico Rodoviário.

O governante socialista conta como andou dois dias a tentar falar com o presidente da Câmara de Castanheira de Pera sem conseguir, por este estar no teatro das operações dos incêndios. “Fui eu próprio a ir deixar-lhe um telemóvel de outra rede para que voltasse a estar em comunicação com o mundo, porque mais de 24 horas depois, aquela rede continuava a não funcionar”, descreve, para acrescentar: “Não acho isto normal.”

Segundo António Costa, a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, está a trabalhar com o SIRESP para que esta rede de comunicações de emergência seja dotada das redundâncias necessárias para que não falhe, estando já assegurado o funcionamento pleno de quatro carrinhas que fornecem ligação a satélite em caso de colapso da rede fixa da PT.

Nas declarações que faz ao Expresso, o primeiro-ministro rejeita a hipótese de privatização do SIRESP, como propõe a esquerda parlamentar. "A nacionalização, ou qualquer uma dessas medidas, não resolveria o problema".