Kevin Mayer, o novo patrão do decatlo fez história para a França

Nos 100m barreiras, Sally Pearson conseguiu um triunfo sensacional, enquanto na altura feminina vingou Mariya Lasitskene.

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Reuters/KAI PFAFFENBACH

O nono e penúltimo dia dos Campeonatos Mundiais de atletismo de Londres definiu o novo atleta mais completo, o vencedor do decatlo, no início da era pós-Ashton Eaton, o recordista mundial entretanto retirado. Kevin Mayer, vice-campeão olímpico, sagrou-se com lógica o primeiro francês campeão mundial da especialidade, um feito anunciado por quem dominou no seu tempo os escalões jovens, tendo sido campeão mundial juvenil e júnior. De resto, este é um dos raríssimos atletas que já ganharam títulos em todos os escalões etários relevantes do atletismo apenas aos 25 anos, numa disciplina que exige maturidade.

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O nono e penúltimo dia dos Campeonatos Mundiais de atletismo de Londres definiu o novo atleta mais completo, o vencedor do decatlo, no início da era pós-Ashton Eaton, o recordista mundial entretanto retirado. Kevin Mayer, vice-campeão olímpico, sagrou-se com lógica o primeiro francês campeão mundial da especialidade, um feito anunciado por quem dominou no seu tempo os escalões jovens, tendo sido campeão mundial juvenil e júnior. De resto, este é um dos raríssimos atletas que já ganharam títulos em todos os escalões etários relevantes do atletismo apenas aos 25 anos, numa disciplina que exige maturidade.

Mayer somou 8768 pontos e, obtendo o melhor total do ano, não bateu o seu recorde nacional de 8834, estabelecido em 2016 nos Jogos. Mas até à antepenúltima prova, o salto com vara, o recorde mundial de Ashton Eaton (8045) era ainda possível, só que Mayer fez nessa disciplina 5,10m contra os 5,40m que tem de melhor marca pessoal, e a partir daí essa possibilidade esfumou-se. No entanto, a sua juventude e regularidade entre as várias disciplinas que compõem o decatlo auguram um brilhante futuro ao francês, que terminou com mais de 200 pontos de vantagem sobre os alemães Rico Freimuth (8564), em segundo, e Kai Kazmirek (8488), em terceiro.

Do ponto de vista do público britânico, que encheu de novo o Estádio Olímpico, a final dos 5000m constituía o evento mais esperado, na antevisão de outra vitória de Mo Farah. Nestes Mundiais as dobradinhas anunciadas tinham falhado antes, nomeadamente as dos 200m e 400m previstas para Wayde van Niekerk e Shaunae Miller - restava saber se Farah ia juntar este título mais ao dos 10.000m e repetiria os duplos triunfos de Moscovo 2013 e Pequim 2015.

A prova foi ultralenta durante mais de 4 quilómetros e foi clara a táctica dos etíopes, com uma equipa muito jovem de três atletas já com marca abaixo de 13 minutos, de deixarem a iniciativa a outros. E ninguém quis tê-la. Depois de 8m32,91s aos 3000m e 11m09,64s aos 4km, foi à entrada da penúltima volta que Yomif Kejelcha, um dos etíopes, tomou a iniciativa de vir para a frente e o ritmo esticou, ficando subitamente Farah cercado pelos etíopes e pelo americano de origem queniana Paul Chelimo. Kejelcha entrou na recta final na frente, mas acabaria por abrir espaço à corda e por lá ia passando Mo Farah, seguido por Chelimo. Só que melhor, na pista dois, foi desta feita Muktar Edris, que acabou com o reinado do inglês nascido no Sudão, com o tempo de 13m32,69, contra 13m33,32s.

O salto em altura foi ganho por quem se esperava, a russa Mariya Lasitskene, que assim revalidou o ceptro conquistado há dois anos em Pequim. Era a favorita total, só tremeu um pouco, atipicamente, a 1,99m, ao falhar o primeiro ensaio, deixando a polaca Kamila Licwinko por momentos na frente, graças ao salto protagonizado àquela fasquia logo de entrada. Mas a 2,01m, sempre à primeira, a russa voltou ao comando, ainda viu a ucraniana passar essa barra (recorde pessoal por 4 centímetros) e saltar para segunda, e depois fechou as contas com outra transposição clara a 2,03m.

Muito aguardada, a final masculina do dardo acabou por não proporcionar algum lançamento acima de 90 m, mas uma vez mais cumpriu-se a lógica de o primeiro ensaio ser o vencedor. Este foi protagonizado pelo maior favorito, o alemão Johannes Vetter, com 88,89m.

Sensacional foi o triunfo de Sally Pearson nos 100m barreiras. Na mesma pista em que se havia sagrado campeã olímpica em 2012, e após anos de problemas físicos aparantemente sem fim, a australiana teve uma corrida sem falhas e beneficiou da insegurança da americana Kendra Harrison na pista a seu lado, para fugir cedo para a vitória, em 12m59s. Harrison nem no pódio ficou (quarta, 12,74s) e seria a veterana Dawn Harper-Nelson a salvar a face das ianques, que tiveram quatro mulheres na final, com o segundo lugar (12,63s), nove centésimos adiante da alemã Pamela Dutkiewicz.

Nos 4x100m femininos, os Estados Unidos renovaram o título mundial com a marca líder de 2017 (41,82s), tendo a Grã-Bretanha beneficiado da fraqueza relativa da equipa jamaicana para terminar em segundo lugar (42,12s contra 42,19s).