Engenheiro despedido pelo Google não se arrepende e sente-se traído
No memorando, James Damore defendeu que a desigualdade entre géneros se explica por diferenças biológicas. Damore diz-se magoado por ter sido despedido da empresa de tecnologia.
“É difícil arrepender-me [do memorando], porque acredito que estou a tentar fazer do Google e do mundo um lugar melhor”. Quem o diz é James Damore, antigo engenheiro do Google, despedido na passada segunda-feira, depois de tornar público um memorando em que discutia a disparidade (entre géneros) nas áreas de chefia na empresa de tecnologia.
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“É difícil arrepender-me [do memorando], porque acredito que estou a tentar fazer do Google e do mundo um lugar melhor”. Quem o diz é James Damore, antigo engenheiro do Google, despedido na passada segunda-feira, depois de tornar público um memorando em que discutia a disparidade (entre géneros) nas áreas de chefia na empresa de tecnologia.
No documento, James Damore argumentava que a desigualdade de oportunidades na empresa se deve às diferenças biológicas entre os homens e mulheres. O memorando – publicado há um mês, mas que se tornou viral esta semana – tem sido alvo de duras críticas. Apesar disso, o homem de 28 anos não se arrepende da sua divulgação.
Numa entrevista à Bloomberg, James Damore diz que está a tentar fazer da empresa de tecnologia, e do mundo em geral, um lugar melhor: "Não nos podemos limitar aos nossos ideais, onde ouvimos apenas um lado da história”.
“Sinto-me magoado”, afirmou o engeheiro, acrescentando que se sente traído pela empresa norte-americana. “O objectivo do memorando era melhorar o Google e a cultura da empresa”, mas “eles castigaram-me e envergonharam-me”, sublinhou James Damore.
No memorando, o autor argumentava que o facto de existirem diferenças biológicas entre géneros explicava “o porquê de não vermos uma igual representação de homens e mulheres em tecnologia e liderança”. O autor, de 28 anos, escreveu ainda que as mulheres se preocupam mais em ter uma vida equilibrada, enquanto para os homens o mais relevante é o estatuto profissional.
“Não estou a dizer que todos os homens são diferentes de todas as mulheres, apenas que a distribuição destes traços de personalidade é feita de forma distinta” entre eles, afirmou.
Damora, no entanto, não se considera sexista: “Existem muitas mulheres com capacidade dentro da empresa e não estou a tentar dizer que elas são piores do que os homens engenheiros no Google”. “Existem apenas menos mulheres que querem entrar nestas áreas, mas se és uma jovem interessada em tecnologia, isso é óptimo” rematou.
James Damore afirma ainda que, apesar de várias pessoas terem visto o documento, nenhum dos executivos o abordou sobre ele. “Só depois de o memorando se tornar viral é que os executivos da empresa me começaram a intimidar, acabando por me despedir”, contou.
Numa sondagem, realizada a 441 trabalhadores do Google pela Blind, uma aplicação de mensagens para empresas, 56% dos trabalhadores da empresa não concordam com o despedimento de James Damore. Por outro lado, 44% dos inquiridos concorda com a decisão da empresa.
Após a divulgação do memorando, um grupo de 60 mulheres pondera avançar com uma acção contra a empresa. Em causa estão as diferenças salariais entre homens e mulheres que ocupam os mesmos cargos. Desde Abril que a empresa está a ser investigada pelo Departamento de Trabalho dos Estados Unidos da América, depois de ser acusada de pagar mais aos funcionários do sexo masculino do que às mulheres em mesmas funções.