CDS reitera que ministra não tem condições para se manter no cargo

Centristas criticam ministra da Administração interna por falta de respostas. PS acusa CDS de retirar dividendos políticos da tragédia.

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Nuno Magalhães deu voz às críticas do CDS LUSA/MÁRIO CRUZ

O CDS reiterou hoje que a ministra da Administração Interna não tem condições para se manter no cargo alegando que continua sem dar respostas ou assumir responsabilidades sobre os incêndios de Junho em Pedrógão Grande e que causaram 64 mortos.

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O CDS reiterou hoje que a ministra da Administração Interna não tem condições para se manter no cargo alegando que continua sem dar respostas ou assumir responsabilidades sobre os incêndios de Junho em Pedrógão Grande e que causaram 64 mortos.

O CDS considera “grave do ponto de vista político, um mês e meio depois da tragédia de Pedrógão Grande, que o país continue sem respostas claras e responsabilidades assumidas de forma clara do que realmente aconteceu e porque aconteceu”, disse o líder parlamentar centrista, Nuno Magalhães, em conferência de imprensa na Assembleia da República.

“O CDS já disse e infelizmente o tempo está-nos a dar razão de que senhora ministra não tem condições para continuar no cargo. Teimosamente o senhor primeiro-ministro mantém essa confiança”, disse Nuno Magalhães.

O líder parlamentar do CDS referia-se às declarações prestadas na quarta-feira pela ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, nas quais admitiu que houve descoordenação no posto de comando da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) no incêndio de Pedrógão Grande e que o local onde foi instalado não foi o ideal.

Constança Urbano de Sousa concluiu, tendo por base relatórios e inquéritos de diversas entidades, que se verificou uma “descoordenação no posto de comando da ANPC” do teatro de operações, “em especial com os outros agentes de protecção civil”.

Para o CDS, o que a ministra fez foram “acusações para quem comanda, processos disciplinares a quem comanda sem assumir qualquer tipo de responsabilidade, sem retirar daí conclusões, a senhora ministra ontem foi uma espécie de comentadora e não uma ministra e isso é grave numa área tão sensível como a segurança”, acusou o líder parlamentar centrista.

O presidente do grupo parlamentar do CDS considera que a responsável pela pasta da Administração Interna deve dar explicações em comissão, no Parlamento. Como já existem pedidos para seja ouvida no parlamento quando forem retomados os trabalhos parlamentares em Setembro, o CDS vai requerer que no âmbito dessas audições seja acrescentado um ponto para que a comissão de Assuntos Constitucionais possa discutir os relatórios apresentados pela ministra.

Segundo o CDS, a seguir aos incêndios a ministra começou por fazer perguntas a quem tutela e ontem [quarta-feira] passou a fazer acusações a quem tutela, ficam respostas por dar, responsabilidades por assumir como era sua obrigação e dever”.

“A senhora ministra acusou tudo e todos – ANPC, PSP, GNR, bombeiros, protecção civil, secretaria-geral do MAI. É preciso dizer à senhora ministra que quem manda é a ministra da Administração Interna. Todos tiveram responsabilidades, todos não, a senhora ministra e o secretário de Estado pelos vistos acham que não tiveram de qualquer responsabilidade na falta de coordenação na falta de capacidade de reação de quem comandam”, afirmou Nuno Magalhães.

PS reage e defende ministra

Após estas declarações, o PS acusou o CDS de retirar dividendos políticos a todo o custo da tragédia. “Parece-me que o CDS procura a todo e qualquer custo retirar dividendos políticos do que sucedeu há um mês”, afirmou aos jornalistas o deputado socialista Pedro Delgado Alves, no Parlamento, minutos após uma conferência de imprensa do CDS.

Em defesa do Governo e da ministra Constança Urbano de Sousa, o deputado socialista disse que na apresentação dos relatórios ao sucedido nos incêndios, na quarta-feira, a ministra, “longe de fazer acusações como o líder parlamentar do CDS referia, longe de um passa culpas, o que fez foi o que se esperava, foi a prestação de contas e a apresentação detalhada dos factos que até este momento estão apurados e, mais importante, a adoção de medidas que visam corrigir coisas identificadas como imperfeitas e que podem ser corrigidas no futuro”.

“Há uma contradição insanável na ânsia absoluta em criticar o Governo. Mais do que resolver os problemas operacionais detectados, mais do que melhorar as comunicações e a capacidade operacional, o CDS está mais preocupado em marcar pontos” através de uma política mais mediática, considerou o deputado socialista.