Uma escada que liga quatro estúdios e parece flutuar
Publicamos, quinzenalmente, às sextas, um projecto de arquitectura e de decoração de interiores com exemplos de como aproveitar da melhor forma o pouco espaço disponível numa habitação. Bem-vindos às Casas XS. Uma curadoria do blogue Alexandra Matos Design
O gabinete A2OFFICE projectou a reabilitação de um edifício na Rua de São Victor, no Porto, constituído por quatro estúdios com áreas diferentes: um estúdio com 20m2; dois com 25m2 e um, no último piso, com 35m2.
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O gabinete A2OFFICE projectou a reabilitação de um edifício na Rua de São Victor, no Porto, constituído por quatro estúdios com áreas diferentes: um estúdio com 20m2; dois com 25m2 e um, no último piso, com 35m2.
O projecto, nomeado para Building of the year 2016 pelo site de arquitectura ArchDaily, foi desenvolvido para dois investidores que pretendiam que o prédio fosse optimizado ao máximo, no sentido do conforto e do aproveitamento do espaço.
Alberto Dias Ribeiro, responsável pela arquitectura e coordenação do projecto, explica que "a reabilitação deste edifício não foi fácil, uma vez que tem uma planta triangular com apenas 52m2 de implantação".
Além disso, o edifício, datado do final do século XIX, estava devoluto e as únicas coisas que não estavam apodrecidas eram as paredes exteriores e o vigamento de madeira original, reforçado e mantido. "Estes elementos estruturais serviram de base a uma intervenção que implantou um programa diferente do existente. Foi desenhada uma escada nova (de forma a libertar o máximo de espaço útil para os estúdios), paredes novas, janelas e portadas novas, estas todas em madeira. Foram ainda introduzidas novas infra-estruturas no que respeita ao abastecimento de água, saneamento e electricidade”, recorda Alberto Dias Ribeiro.
Actualmente, quem entra no edifício acede a um hall com um pé direito triplo e tem uma perspectiva inusitada da escada em madeira. Esta parece flutuar no espaço e leva-nos a dois patamares suspensos sobre o vazio entre as paredes de pedra, por onde descem três lâmpadas desde o tecto.
Três dos estúdios têm uma planta semelhante, um open space subtilmente dividido. Com a ajuda de um objecto ambivalente, simultaneamente uma escultura minimalista e um armário-roupeiro onde se alberga uma iluminação oculta, cria-se um espaço de dormir e, nas costas, um closet, por onde se acede à instalação sanitária. O restante espaço é organizado pelo mobiliário.
O estúdio do piso superior, diferente dos restantes em termos de planimetria, tem os mesmos princípios de organização do espaço. Entra-se por um pequeno hall com um armário-roupeiro e as restantes funções estão novamente distribuídas num open space, recorrendo novamente a um armário-roupeiro que separa a zona de dormir de um pequeno closet, a partir do qual se acede à instalação sanitária. Novamente aqui, o restante espaço é organizado pelo mobiliário, descreveu o arquitecto.
Neste projecto, Alexandra Marques, do gabinete A2OFFICE, também foi responsável pela decoração dos estúdios. “A planimetria pouco usual do edifício, bem como o orçamento disponível, determinou grande parte da solução de organização espacial interior. Deu-se privilégio a soluções de mobiliário que se adaptam a diversas necessidades e usos, podendo mudar o espaço conforme esteja a ser usado em horário de trabalho ou lazer, por uma, duas ou mais pessoas. Ao nível das cores e texturas, procurou-se uma simbiose com a arquitectura, relacionando-as de forma coerente com o espaço envolvente”, refere Alberto Dias Ribeiro.
Dicas para espaços pequenos
“Quando os espaços são pequenos, como neste caso, diríamos que o essencial está em conseguir ter o indispensável, ocupando o mínimo espaço possível. Sabemos parecer uma missão difícil, mas o segredo está em listar tudo aquilo que nos parece ser necessário para que possamos viver e utilizar o espaço e, depois, colocar tudo em desenho antes de fazer qualquer compra”, revela Alberto Dias Ribeiro.
Soluções low cost
A opção por mobiliário extensível ou com “dupla função”, que permitam arrumação e a utilização de poucas texturas e padrões, ou mesmo nenhuns, serão sempre uma boa chave para um bom resultado.