Twitter não apagou mensagens de ódio e este homem pintou-as à porta da empresa

Foram mais de 300 denúncias nos últimos seis meses, menos de uma dezena obtiveram uma resposta da empresa.

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“Vamos deitar gás aos Judeus!”, “Matem todos os gays e maricas!”, “Pendurem-nos no poste de luz mais próximo”. Atrás de um nome falso, de um avatar, escondidos ou mesmo com uma conta verdadeira, os comentários racistas e xenófobos, escritos num discurso de ódio e com apelos à violência multiplicam-se nas redes sociais. Entre elas está o Twitter que, apesar das denúncias, não elimina com eficácia os comentários racistas, garante Shahak Shapira, um artista israelita alemão. Para alertar a comunidade, online e offline, em relação à quantidade de comentários que se perpetuam impunes, o artista decidiu pintá-los no chão, à porta do escritório do Twitter em Hamburgo, Alemanha.

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“Vamos deitar gás aos Judeus!”, “Matem todos os gays e maricas!”, “Pendurem-nos no poste de luz mais próximo”. Atrás de um nome falso, de um avatar, escondidos ou mesmo com uma conta verdadeira, os comentários racistas e xenófobos, escritos num discurso de ódio e com apelos à violência multiplicam-se nas redes sociais. Entre elas está o Twitter que, apesar das denúncias, não elimina com eficácia os comentários racistas, garante Shahak Shapira, um artista israelita alemão. Para alertar a comunidade, online e offline, em relação à quantidade de comentários que se perpetuam impunes, o artista decidiu pintá-los no chão, à porta do escritório do Twitter em Hamburgo, Alemanha.

“Nos últimos seis meses denunciei cerca de 450 comentários de ódio no Twitter e Facebook. Os comentários não eram insultos ou piadas. Eram ameaças concretas de violência, homofobia, xenofobia ou negação do Holocausto. São coisas que ninguém devia ler”, conta o alemão.

Dos 150 comentários que denunciou no Facebook foram removidos cerca de 80%, processo que demorava entre um a três dias, detalha. Já no Twitter, a experiência foi menos positiva. Dos 300 tweets denunciados apenas nove mereceram uma resposta por parte da rede social, mesmo quando “cada um deles viola as regras do Twitter”, argumentou.

“Não recebi um único e-mail a dizer que o tweet que denunciei tinha sido removido, apesar de eles prometerem informar os utilizadores quando o processo é avaliado.”

Insatisfeito e inconformado, Shapira decidiu que se o Twitter mantém essas mensagens visíveis, então a própria empresa deve ser confrontada com elas. Do conjunto de tweets que a empresa optou por não apagar, Shapira seleccionou 30 exemplos – mantendo o nome do autor de cada um – e pintou-os no chão, à porta do escritório da empresa, em Hamburgo, para onde viajou a partir de Berlim.

De acordo com a política da empresa, existem um conjunto de comportamentos proibidos na rede social. Entre os exemplos citados, constituem uma violação das políticas do Twitter discursos com ameaças violentas, desejar a morte, doença ou dano físico a um grupo ou a indivíduos, incitar ao medo sobre um grupo ou referências a episódios de violência em massa, comentários sexistas, racistas ou xenófobos.

O vídeo, publicado a 7 de Agosto, conta que a empresa apenas limpou parte dos tweets inscritos no chão, em frente à sua filial. Uma atitude que “compactua com a lógica da empresa de limpar o que está à sua porta, deixando o resto para as outras pessoas”, concluiu.

Esta não é a primeira vez que o artista toma uma atitude activista. Shapira é também o autor da iniciativa Yolocaust [uma combinação do famoso You Only Live Once e Holocausto] um site que agregou 12 fotografias retiradas de perfis nas redes sociais no memorial do Holocausto, em Berlim, que considerou desrespeitosas à memória das vítimas do nazismo e substituiu-as por imagens de judeus e campos de concentração nazis.

Numa consulta recente, o site exibe agora uma mensagem de balanço da iniciativa, que conta como os donos das fotografias apagaram as imagens originais e pediram desculpa pela sua publicação.