Tillerson diz que “não há ameaça iminente de guerra” com a Coreia do Norte
Secretário de Estado dos EUA aterra em Guam e tenta desanuviar tensão provocada pela retórica entre Trump e Kim.
“Não há nenhuma ameaça iminente de guerra”, afirmou o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, em Guam, o território no Pacífico onde existe uma base dos Estados Unidos e que a Coreia do Norte ameaçou atacar, em retaliação à ameaça feita pelo Presidente Donald Trump de enviar “fogo e fúria como nunca se viu” se a Coreia do Norte voltar a ameaçar os EUA.
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“Não há nenhuma ameaça iminente de guerra”, afirmou o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, em Guam, o território no Pacífico onde existe uma base dos Estados Unidos e que a Coreia do Norte ameaçou atacar, em retaliação à ameaça feita pelo Presidente Donald Trump de enviar “fogo e fúria como nunca se viu” se a Coreia do Norte voltar a ameaçar os EUA.
“Os americanos devem dormir tranquilos à noite, sem preocupações com a retórica dos últimos dias”, disseTillerson, quando o seu avião fez uma paragem na ilha de Guam, na viagem de regresso da Tailândia. “Nada do que vi ou sei me indica que a situação se tenha alterado drasticamente nas últimas 24 horas”, assegurou o governante.
A situação fez alguns evocar a crise da Baía dos Porcos, em 1961 - para sublinhar a diferença de atitudes entre Presidentes. John F. Kennedy não disse nada que se comparasse a "fogo e fúria", frisou o analista republicano David Frum, que colocou um clip do discurso do admirado Presidente em que falou aos americanos da planeada (e falhada) invasão de comandos cubanos à ilha de Fidel Castro.
“O Presidente está a enviar uma mensagem forte à Coreia do Norte numa linguagem que Kim Jong-un compreende, porque ele não parece compreender a linguagem diplomática”, afirmou esta quarta-feira o secretário de Estado, tentado justificar as declarações de Trump, de uma agressividade nunca usada por um Presidente norte-americano.
Em retaliação, a Coreia do Norte ameaçou atacar os interesses Guam, um território sob jurisdição norte-americana, onde vivem mais de 160 mil pessoas.
“A Força Estratégica do Exército está a examinar cuidadosamente um plano operacional para atingir áreas em redor de Guam com mísseis balísticos de médio/longo alcance Hwasong-12, de modo a conter as bases militares dos Estados Unidos em Guam, incluindo a base aérea Anderson”, disse um porta norte-coreano à KCNA, a agência noticiosa oficial de Pyongyang numa citação reproduzida pela Reuters.
Esta subida inédita no tom da retórica entre os EUA e a Coreia de Norte surge depois de ter sido revelado na terça-feira um um relatório da Agência de Informação de Defesa dos EUA que conclui que Pyongyang já consegue produzir ogivas nucleares miniaturizadas para serem transportadas por mísseis balísticos intercontinentais. Este é considerado um dos passos mais importantes do programa nuclear norte-coreano e que a generalidade dos analistas julgava estar ainda longe do alcance do regime liderado por Kim Jong-un.
A situação é uma dor de cabeça dupla para Pequim. Washington quer que a China obrigue Kim Jong-un a desistir dos seus testes de mísseis intercontinentais e do seu programa nuclear com fins ofensivos – e, em parte, os comentários incendiários de Trump, tinham também como destinatário a China. Só que Pequim já viu a sua anuência às sanções mais fortes contra a Coreia do Norte aprovadas esta semana pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas como uma grande concessão, sublinhou ao Guardian John Delury, professor na Universidade de Yonsei, em Seul.