Viajar, ter uma festa todas as semanas e ser um “inovador global”? Nesta pós-graduação é possível

Está aberta a segunda fase de inscrições para o ME310, a pós-graduação em Inovação de Produto e Serviço na Porto Design Factory que tem parceria com a Universidade de Stanford, na Califórnia (e que te leva lá em Outubro e em Junho).

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Nove meses para resolver um desafio real, proposto por empresas multinacionais reais, com estudantes de universidades de todo o mundo. A única coisa que é pedida aos futuros 18 estudantes do ME310 Stanford, a pós-graduação em Inovação de Produto da Porto Design Factory (PDF), no Instituto Politécnico do Porto, é que respondam à vontade e necessidades do utilizador final, de forma inovadora. 

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Nove meses para resolver um desafio real, proposto por empresas multinacionais reais, com estudantes de universidades de todo o mundo. A única coisa que é pedida aos futuros 18 estudantes do ME310 Stanford, a pós-graduação em Inovação de Produto da Porto Design Factory (PDF), no Instituto Politécnico do Porto, é que respondam à vontade e necessidades do utilizador final, de forma inovadora. 

 

A segunda fase das candidaturas, para o próximo ano lectivo, termina a 22 de Agosto. Após as entrevistas da primeira fase, ficaram preenchidas 16 das 18 vagas disponíveis. Para os últimos dois lugares, a equipa docente do ME310 está à procura de “gente que tenha uma paixão completamente única por aprender” e a quem Rui Coutinho, coordenador da PDF, chama “os inquietos”.

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Quando chega o momento da escolha, “não se olha para as notas da licenciatura e do mestrado”, já que muitas das vezes o perfil do estudante que procuram é muito diferente do que é “normalmente considerado um bom estudante no ensino superior”.

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O curso é full time-job, interdisciplinar, não tem aulas (no sentido normativo da palavra) e baseia-se no desenvolvimento de um projecto em equipas compostas por alunos da PDF, e por outros estudantes de universidades estrangeiras. O objectivo é criar uma solução para um problema de uma empresa parceira e prototipar, testar e iterar um produto que pode, no final, vir a ser comercializado. 

 

No final do ano, cada equipa entrega um protótipo funcional como prova de conceito, “juntamente com documentação em pormenor, que não só capta a essência do design mas, também, processo de aprendizagem que levou às ideias”, lê-se na descrição do curso. Os protótipos finais são apresentados em Silicon Valley, na Stanford Design EXPE, em Junho.

 

No próximo ano-lectivo, que arranca oficialmente a 29 de Setembro, há parcerias com seis empresas e com universidades parceiras de “três continentes”.

 

No ano passado as empresas escolhidas foram a ONAE MC, SPORTZONE, SILAMPOS e IKEA Industry. Foi com estas empresas que Rui teve uma reunião inicial “para criar um problema” que os estudantes passariam o ano a tentar resolver. Como parceiros académicos os alunos tiveram, nas suas equipas, colegas da Swinburne University of Technology, Warsaw University of Technology e da University of Science and Technology of China.

 

"All hands on, all the time"

 

Rui explica que cabe à equipa docente “criar a circunstância e o conceito”, mas é o aluno que tem de “aprender por si próprio uma nova forma de pensar”. É por isto que o coordenador diz que a melhor avaliação, é “feita pelo próprio estudante”. “O que é que eu aprendi aqui, o que é que eu sou, ou o que é que eu deixei de ser: no final do ano eles vão avaliar isto e ver se valeu a pena. Que pessoa sou eu hoje que não era há um ano?”, continua .

 

Ninguém vem para o ME310 “aprender competências de engenharia mecânica, ou de design, ou negócios”. Quando, por exemplo, um(a) designer se candidata, já é esperado que saiba muito sobre design. O que ali se ensina são as “competências transversais”, no “domínio da inteligência emocional, da convivência, da interação social, do trabalho em equipa e com equipas remotas” e que por isso têm diferentes fusos horários e, por vezes, hábitos culturais ainda mais díspares.

 

O objectivo é que o/a designer que durante três a cinco anos aprendeu muito sobre design, e que formou as suas “competências verticais”, possa agora aprender um conjunto de competências que lhes permita “ajustarem-se, adaptarem-se e responderem à evolução brutal e rápida que as profissões estão a ter”.

 

O papel do professor senior, dos três teaching assistants e dos cinco coaches do curso é “responsabilizar os estudantes”, num “ensino quase individualizado” em que têm de resistir à tentação de interferir. 

 

O que é que isto significa? “É ver uma equipa conduzir para o precipício, nós sabermos que eles vão alegremente a alta velocidade para o precipício e não entrarmos no carro e travarmos a fundo”. E os alunos vão mesmo cair e magoarem-se, mas “vão ter de aprender com isso”, avisa o coordenador. “É uma experiência de vida”, resume.

 

The Team of Teams

 

Quando se entra na cozinha da Porto Design Factory, o sítio mais importante daquela casa, há uma banca, uma mesa gigante com muitas cadeiras (a “sala de reuniões”) e, do lado direito, um televisor que mostra sempre uma cozinha diferente. São as instalações de outros estabelecimentos da “Design Factory Global Network”, sempre em directo, 24 horas por dia. 

 

Aqui, realizam-se todas as terças-feiras pequenos-almoços com conversas temáticas e, às quintas-feiras, há uma festa de presença obrigatória e que é organizada por uma das equipas do ME310. 

 

As SUDS (Slightly Unorganized Design Session), acontecem em simultâneo em todas as universidades que tenham na sua oferta curricular o ME310, o curso que começou em Stanford, em 1967. Rui Coutinho garante que há uma justificação pedagógica para uma pós-graduação ter uma festa semanal obrigatória (nas quais o coordenador garante que só estará presente na primeira e na última do ano).

 

As quintas-feiras, quase no final da semana, são o dia mais importante e mais cansativo do ME310. As SUDS servem para “relaxar”, mas é também neste contexto de “interacção social” que surge a oportunidade de as diferentes equipas se encontrarem e partilharem ideias sobre os projectos ou recomendarem livros e artigos, já que o curso não tem bibliografia obrigatória.

 

Para quem está no curso (ou a pensar inscrever-se), fica a sugestão do único livro recomendado: The Team of Teams, um livro de estratégia militar e que Rui diz explicar “exatamente o que é o ME310”. Não esperes, no entanto, descobrir o significado do nome. Aqui, não há mistério: é a designação de um curso de Stanford, Mechanical Engineering 310, e não significa absolutamente nada.