Startup vai vender 50 mil manuais escolares usados
Empresa pioneira quer que a poupança das famílias em livros chegue aos três milhões de euros este ano, com impacto directo no mercado editorial escolar dominado pela Leya e a Porto Editora.
A horas de terminar o prazo para venda de manuais escolares usados, a Book in Loop, a startup portuguesa pioneira em levar a economia circular para a educação, estima que vai conseguir revender mais de 50 mil livros para o ano lectivo de 2017/18 — cinco vezes mais do que no ano passado.
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A horas de terminar o prazo para venda de manuais escolares usados, a Book in Loop, a startup portuguesa pioneira em levar a economia circular para a educação, estima que vai conseguir revender mais de 50 mil livros para o ano lectivo de 2017/18 — cinco vezes mais do que no ano passado.
Isto equivale a dizer que as famílias vão poupar, só nesta plataforma digital, acima de um milhão de euros em livros. Comprados novos, os manuais escolares a partir do 5.º ano custam em média 20 euros cada — muitos custam 30. Não há dados oficiais agregados referentes aos bancos de troca de manuais usados (em operações de troca directa que não envolvem dinheiro), mas são cada vez mais as escolas, públicas e privadas, que promovem a prática do uso de livros em segunda mão, mais sustentável para o ambiente e para o orçamento das famílias. Esta tendência crescente tem um impacto directo no mercado editorial escolar, dominado por dois gigantes: a Leya e a Porto Editora.
No Verão de 2016, ano de estreia desta startup tecnológica, a Book in Loop teve 19 mil famílias inscritas e acabou por ter 2000 compradores, não conseguindo dar resposta a muitos dos pedidos de reserva. “Neste momento, estamos próximos dos 70 mil registos”, diz João Bernardo Parreira, o jovem estudante de Coimbra que, aos 19 anos, é co-fundador e CEO da Book in Loop.
Este crescimento significa um novo desafio para a empresa. “A procura é sete vezes maior do que a oferta”, diz a Book in Loop. A campanha de recolha de livros começou a 12 de Junho e vai até 6 de Agosto, mas há “alguma resistência em vender os manuais”, reconhece Parreira. “As pessoas estão habituadas a comprar manuais online, mas não estão (ainda) habituadas a vender online os livros de que já não necessitam. Há muito que plataformas online de compra de manuais têm um grande peso no mercado, mas a Book in Loop é a primeira a oferecer o percurso inverso. É natural que demore algum tempo para que as famílias se habituem ao processo.”
No ano passado, Parreira diz que a sua empresa permitiu “poupar 300 mil euros às famílias que compraram manuais usados” na plataforma. O objectivo para este ano é que a poupança chegue aos três milhões de euros. “Os 50 mil livros são os que já recebemos e que já verificámos. Mas o período em que as famílias podem vender manuais ainda não terminou e o processo logístico de recolha, triagem e verificação de qualidade não é imediato.”
Este ano, a Book in Loop associou-se à Junta de Freguesia da Estrela, em Lisboa, e a 11 autarquias — de Famalicão a Mação, passando por capitais de distrito como Santarém, Guarda e Castelo Branco — em projectos de reutilização de manuais escolares. A empresa compra os manuais usados a 20% do preço de capa e vende-os a 60%. Quem vender e comprar na plataforma pode poupar 80% em relação a um livro novo. O sistema de recolha envolve parceiros com escala nacional, como os supermercados do Continente e as lojas Note!. Tal como no ano passado, Lisboa e Porto representam mais de 45% do total de pessoas registadas na plataforma.
O Governo de António Costa alargou este ano o programa de distribuição gratuita de manuais escolares a todos os quatro anos do primeiro ciclo do ensino básico, associada a uma operação de reutilização nacional que dá os primeiros passos como política pública do Estado. No ano passado, só o 1.º ano foi abrangido.