Este diabo é outro, e bem mais perigoso
Nas alterações climáticas, é preciso insistir na batalha contra um “diabo” que a humanidade acordou e cuja fúria só com muito esforço aplacará.
Quando Passos Coelho, por razões de política interna, alvitrou que um destes dias viria aí “o diabo”, estava longe de imaginar que o diabo viria mesmo e seria outro. Por sinal, bem mais perigoso. Lucifer, assim decidiram chamar-lhe por insondável ironia, é a onda de calor que nestes dias assola a Europa e que deverá manter-se pelo menos até à próxima semana. Dez países europeus foram colocados em alerta vermelho pelo serviço meteorológico europeu, o Meteoalarm, e nestes há algumas situações alarmantes. Em Espanha, por exemplo, foi este sábado emitido um alerta de emergência em 31 das duas 50 províncias devido a um aumento das temperaturas, que podem chegar aos 44 graus centígrados. Na zona dos Balcãs também há alertas das autoridades, de modo a prevenir o pior. Na Sérvia a população é aconselhada a ficar em casa e até a colocar toalhas molhadas nas janelas, à falta de ar condicionado; na Croácia, pede-se cuidado nas praias, devido ao extremo calor; no Montenegro as ruas estão praticamente vazias; e na Albânia os incêndios já levaram as autoridades a pedirem apoio de emergência à União Europeia. Na Roménia, onde já se registam duas mortes devido ao calor, o trânsito ferroviário e rodoviário foi reduzido por ordem governamental. Na Hungria e em Itália, outros dos países mais atingidos pela vaga de calor, foram tomadas medidas especiais.
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Quando Passos Coelho, por razões de política interna, alvitrou que um destes dias viria aí “o diabo”, estava longe de imaginar que o diabo viria mesmo e seria outro. Por sinal, bem mais perigoso. Lucifer, assim decidiram chamar-lhe por insondável ironia, é a onda de calor que nestes dias assola a Europa e que deverá manter-se pelo menos até à próxima semana. Dez países europeus foram colocados em alerta vermelho pelo serviço meteorológico europeu, o Meteoalarm, e nestes há algumas situações alarmantes. Em Espanha, por exemplo, foi este sábado emitido um alerta de emergência em 31 das duas 50 províncias devido a um aumento das temperaturas, que podem chegar aos 44 graus centígrados. Na zona dos Balcãs também há alertas das autoridades, de modo a prevenir o pior. Na Sérvia a população é aconselhada a ficar em casa e até a colocar toalhas molhadas nas janelas, à falta de ar condicionado; na Croácia, pede-se cuidado nas praias, devido ao extremo calor; no Montenegro as ruas estão praticamente vazias; e na Albânia os incêndios já levaram as autoridades a pedirem apoio de emergência à União Europeia. Na Roménia, onde já se registam duas mortes devido ao calor, o trânsito ferroviário e rodoviário foi reduzido por ordem governamental. Na Hungria e em Itália, outros dos países mais atingidos pela vaga de calor, foram tomadas medidas especiais.
Esta onda de calor coincide, no tempo, com a divulgação de um estudo pela revista científica The Lancet Planetary Health, segundo o qual o número de mortes devido ao calor pode vir a aumentar 50 vezes na Europa até ao final do século. É um marco que ainda vem longe, mas as graves situações com que já hoje lidamos tornam tal perspectiva ainda mais preocupante. Até porque as projecções do estudo, feito por investigadores do Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia, prevêem que dois em cada três europeus (sobretudo no Sul da Europa) poderão vir a ser afectados por fenómenos climáticos extremos, tais como ondas de calor, secas ou inundações, sendo as primeiras apontadas como o fenómeno mais letal (99 por cento das mortes relacionadas com o clima virão daí, diz o estudo). Os desastres naturais, com funestas consequências, tenderão pois a aumentar. E estes avisos tornam mais premente e sério o esforço exigido para travar o aquecimento global. Mesmo com a saída dos Estados Unidos, por decisão de Trump, dos acordos de Paris, é preciso insistir na batalha contra um “diabo” que a humanidade acordou e cuja fúria só com muito esforço aplacará.