História dos homens e navios da pesca do bacalhau construída com a ajuda de todos
Museu Marítimo de Ílhavo está a criar novas funcionalidades no portal lançado no ano passado e vai apresentá-las numa grande festa que juntará várias comunidades piscatórias nacionais
Dentro de pouco mais de um mês, aquele que é o “património imaterial mais valioso” do Museu Marítimo de Ílhavo (MMI), segundo destaca o próprio consultor da direcção da unidade museológica, Álvaro Garrido, irá passar a ficar ainda mais rico, por força do contributo de todos aqueles que estiveram de alguma forma ligados à pesca do bacalhau. O portal “Homens e Navios do Bacalhau”, criado em 2016, vai passar a contar com novas funcionalidades. As duas bases de dados disponibilizadas neste website – mais de 20 mil nomes e registos de portugueses que andaram na pesca do bacalhau entre 1935 e 1974; e cerca de um milhar de referências a navios que entre 1834 e 2005 andaram na mesma faina – vão ficar abertas à colaboração do público em geral, permitindo “o cruzamento de dados” dos registos dos tripulantes e dos navios.
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Dentro de pouco mais de um mês, aquele que é o “património imaterial mais valioso” do Museu Marítimo de Ílhavo (MMI), segundo destaca o próprio consultor da direcção da unidade museológica, Álvaro Garrido, irá passar a ficar ainda mais rico, por força do contributo de todos aqueles que estiveram de alguma forma ligados à pesca do bacalhau. O portal “Homens e Navios do Bacalhau”, criado em 2016, vai passar a contar com novas funcionalidades. As duas bases de dados disponibilizadas neste website – mais de 20 mil nomes e registos de portugueses que andaram na pesca do bacalhau entre 1935 e 1974; e cerca de um milhar de referências a navios que entre 1834 e 2005 andaram na mesma faina – vão ficar abertas à colaboração do público em geral, permitindo “o cruzamento de dados” dos registos dos tripulantes e dos navios.
“Numa primeira fase, foram lançadas as bases de dados, foram completadas e corrigidas em erros de fonte”, enquadra Álvaro Garrido. Agora, o projecto dá mais um passo em frente possibilitando que a construção e gestão desta memória seja feita em rede. Qualquer pessoa pode colaborar acrescentando informação, relatos, ou até “depositando fotos, documentos ou filmes”, exemplifica o consultor do MMI. Uma possibilidade que torna este portal inédito, uma vez que “os protagonistas desta história, ou os seus familiares, são os próprios construtores da memória, com a mediação institucional do museu”, vinca Álvaro Garrido. “Este projecto é quase um museu vivo”, acrescenta.
E, para o apresentar publicamente, nada melhor do que juntar os seus “actores”. “O lançamento vai ser feito com uma festa das comunidades bacalhoeiras portuguesas, que foram convidadas a vir até ao Museu Marítimo de Ílhavo”, anuncia o consultor da unidade museológica. “Será um convívio de gerações, de centenas de pessoas vindas da Nazaré, Peniche, Vila do Conde e Mira, pessoas que nunca mais se encontraram e que têm aqui a oportunidade de um reencontro”, desvenda, ainda, Álvaro Garrido.
Esta festa de apresentação das novas funcionalidades do portal está marcada para 23 de Setembro, dia das Jornadas Europeias do Património e é uma das várias iniciativas previstas no programa comemorativo do 80.º aniversário do MMI. A celebração arrancou em Janeiro e vai estender-se até Novembro, atingindo o seu ponto alto já este fim-de-semana e na próxima terça-feira (8 de Agosto é a data exacta do aniversário da unidade museológica ilhavense). “É um aniversário muito especial porque, no fundo, temos um museu moderno que comemora 80 anos”, evidencia o consultor do MMI. A unidade museológica criada em 1937, e que começou por assumir uma vocação etnográfica e regional, foi renovada e ampliada em 2001 - passando a habitar num edifício de arquitectura moderna. Em 2013, ganhou uma nova estrutura: um Aquário de Bacalhaus. Actualmente, é dos museus mais visitados do país – ainda no passado mês de Junho recebeu 11.114 visitantes, batendo um novo recorde.
Festa feita com música, arte e uma biografia
Este sábado, entre as várias actividades propostas, acontece a inauguração da exposição temporária “História Trágico Marítima” (18h30), composta por “magníficas” obras de pintura, edições raras e “outros tesouros”, invoca o imaginário da tragédia marítima e o seu lugar central na cultura portuguesa. Um tema que será, também, transposto para a música, num concerto da Orquestra Filarmonia das Beiras, agendado para a noite de domingo (22h00) – com repertório assente na obra de Fernando Lopes Graça, cantata História Trágico-Marítima.
No dia 7, é dia de visitas especiais às reservas do museu e, no dia 8 (17h30), acontece a sessão comemorativa, bem como o lançamento do livro “Biografia dos Capitães de Ílhavo”, da autoria de Ana Maria Lopes. Uma obra que apresenta “30 biografias de uma elite local de grande importância”, destaca Álvaro Garrido, lembrando que “a maioria dos capitães portugueses da pesca do bacalhau eram originários de Ílhavo”.
A festa dos 80 anos do MMI prossegue, depois, a 23 de Setembro, com o lançamento das novas funcionalidades do portal e a festa das comunidades piscatórias, e, a 21 de Outubro, é evocado o 16.º aniversário da ampliação e remodelação do museu, com o VI Seminário Desafios do Mar Português “Navios Históricos e Museus” e a exposição “InVisível”, colectiva de fotografia coordenada por Hermano Noronha. As comemorações encerram no dia 18 de Novembro, com a celebração do Dia Nacional do Mar – data para a qual está prevista a inauguração da exposição “Navios da classe Creoula - 80 anos” e a apresentação do sistema de áudio-guias do MMI.