Familiares das vítimas de Pedrógão pedem “transparência” na investigação

Vários familiares de vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande manifestaram ao Presidente preocupações com a “desorganização” na atribuição dos fundos solidários e querem motivar uma alteração legislativa aos direitos das vítimas de catástrofes.

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Cinco familiares de vítimas do incêndio de Pedrógão Grande, que estão a criar uma associação, foram esta tarde recebidos pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. À saída, os representantes das famílias deixaram apelos e mostraram preocupações. Para o futuro, querem “motivar um anteprojecto-lei para direito das vítimas de catástrofes”, que permita, nomeadamente, a criação imediata de associações que prestem apoio às vítimas.

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Cinco familiares de vítimas do incêndio de Pedrógão Grande, que estão a criar uma associação, foram esta tarde recebidos pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. À saída, os representantes das famílias deixaram apelos e mostraram preocupações. Para o futuro, querem “motivar um anteprojecto-lei para direito das vítimas de catástrofes”, que permita, nomeadamente, a criação imediata de associações que prestem apoio às vítimas.

No final do encontro, emocionada, Nádia Piazza, uma das representantes que falou com Marcelo Rebelo de Sousa, disse que confiou no Presidente a “garantia da obtenção da justiça que todas e cada uma das vítimas merece” e pediu às autoridades que o resultado não fosse um “relatório dúbio”.

“Deixamos um apelo dirigido àqueles que podem fazer história e estão no terreno a investigar, aos magistrados, inspectores da PJ, investigadores da comissão técnica independente, do centro de estudos de incêndios florestais: que sejam independentes e imparciais, guerreiros incansáveis contra quaisquer dificuldades ou forças contrárias ao apuramento da verdade. Portugal é um Estado de direito”, defendeu.

Além desta questão, já no início da declaração aos jornalistas, Nádia Piazza havia referido que os cinco representantes tinham falado com Marcelo sobre as “questões ligadas ao apuramento das responsabilidades do Estado nesta tragédia", sem deixar "de lado as questões estruturais que nos levaram a este momento negro da história portuguesa”.

Nádia Piazza leu um comunicado com vários pontos sobre a conversa de cerca de duas horas com o Presidente da República e falou em desorganização na atribuição dos fundos de solidariedade: “Manifestámos a nossa preocupação com a falta de organização e coordenação com as populações afectadas na aplicação dos fundos solidários, resultado da solidariedade dos portugueses”, lembrando a “ausência de mecanismos de transparência na aplicação destes mesmos fundos”.

Na conversa com o Presidente, os familiares das vítimas referiram as dificuldades sentidas por crianças e jovens no regresso à escola e no acompanhamento de idosos, “cada vez mais isolados em ambientes profundamente tristes”.

Os representantes dos familiares de vítimas do incêndio nos três concelhos mais afectados de Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, fizeram ainda um apelo aos outros familiares para que se juntem na criação da Associação de Familiares das Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande. Para já, em termos legais, querem inspirar uma alteração legislativa “em matéria de direito das vítimas de catástrofe”. Entre as alterações, propõem que as associações de vítimas possam ser criadas de forma automática para prestarem apoio imediato, criando assim uma “unidade de missão independente desde a primeira hora para agilizar e coordenar todas as questões burocráticas, logísticas e ressarcimentos de danos pessoais”.