Da natureza da guerra
A guerra tem esse lado positivo de fazer tombar o que era antigo e arcaico, para dar origem às novas ideias, dar origem e lugar aos novos pensamentos da humanidade, para que a humanidade evolua e continue a prosperar.
O ser humano proveio do macaco, um animal por natureza bélico e confrontador. O macaco é um ser que aspira à guerra, ao oportunismo, ao bluff e lutas de território (especialmente quando se de fêmeas). Assim são também os seres humanos. Na história da humanidade nunca houve um minuto de paz: sempre países contra países, pais contra filhos, raças contra raças. Todo o mal da guerra assenta no facto de que o ser humano tem um complexo de inferioridade tremendo, falta-lhes a confiança, falta-lhes a certeza, falta-lhes o amor — e por isso lutam para que imponham a sua força, força que eles próprios não vêem. Um homem que conhece a sua força e poder jamais entrará numa luta pelo poder, pois sabe o que vale e quanto darão por si. Mas não, daí surgem todos os conflitos. O complexo de inferioridade que faz o homem leva-o a ser um inepto, um ser que não consegue viver, um ser que se despreza a si próprio. Esse desprezo por si próprio leva, incontrolavelmente, ao desprezo pelos outros. Surgem os problemas de território. O homem quer marcar os seus limites, como um animal que urina para as árvores para saber que aquele é o seu território, pois tem medo do que os outros poderão fazer se os invadirem. A invasão dos limites não parece ser algo moral, mas o ser humano construiu demasiadas barreiras entre ele e o mundo. No fundo, tem medo e não se sabe proteger e, sempre que se sente violado, lança-se numa luta com força descontrolada para proteger o que é seu.
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O ser humano proveio do macaco, um animal por natureza bélico e confrontador. O macaco é um ser que aspira à guerra, ao oportunismo, ao bluff e lutas de território (especialmente quando se de fêmeas). Assim são também os seres humanos. Na história da humanidade nunca houve um minuto de paz: sempre países contra países, pais contra filhos, raças contra raças. Todo o mal da guerra assenta no facto de que o ser humano tem um complexo de inferioridade tremendo, falta-lhes a confiança, falta-lhes a certeza, falta-lhes o amor — e por isso lutam para que imponham a sua força, força que eles próprios não vêem. Um homem que conhece a sua força e poder jamais entrará numa luta pelo poder, pois sabe o que vale e quanto darão por si. Mas não, daí surgem todos os conflitos. O complexo de inferioridade que faz o homem leva-o a ser um inepto, um ser que não consegue viver, um ser que se despreza a si próprio. Esse desprezo por si próprio leva, incontrolavelmente, ao desprezo pelos outros. Surgem os problemas de território. O homem quer marcar os seus limites, como um animal que urina para as árvores para saber que aquele é o seu território, pois tem medo do que os outros poderão fazer se os invadirem. A invasão dos limites não parece ser algo moral, mas o ser humano construiu demasiadas barreiras entre ele e o mundo. No fundo, tem medo e não se sabe proteger e, sempre que se sente violado, lança-se numa luta com força descontrolada para proteger o que é seu.
Muito do ser humano é ainda puro comportamento animal. A guerra nunca parará de existir na natureza nem na sociedade humana. Mas aí surge a questão: quando é que a guerra passa a ser justa? A resposta: quando se deve lutar pelos seus ideais, isto é, quando os ideais de uma pessoa estão a ser violados. A minha liberdade termina quando a do outro acaba. Se é assim, um ideal é sempre um ideal e uma pessoa tem o direito de lutar por eles quando não estão a ser assegurados. O problema é que há sempre pessoas que usam as próprias inseguranças para se armarem em machos alfa, em seres no topo da cadeia. O ser humano, apesar de ser um biltre que se habitua a tudo, também tem a capacidade de lutar e ripostar quando acha que não é vítima de justiça. Ou seja, o ser humano pode-se adaptar, pode-se acomodar, mesmo que o ambiente não seja do mais favorável, mas assim que se atinge um limite da consciência, aí o ser humano salta dessa armadilha e fica no devaneio tremendo de que o que quer não é aquilo que tem, que o que idealiza já não é alcançável, etc. Então, nesse momento, o ser humano decide lutar pelos seus direitos, e daí a guerra.
Será que está na condição do homem procurar a guerra? A resposta: mais do que entranhada! O ser humano não consegue viver em paz, a paz acabaria com o ser humano mais rápido do que a própria guerra. A paz leva à ociosidade, à passividade, e o ser humano, enquanto descendente do macaco, jamais tolera viver em ambientes de excesso de conforto, pois houve um elo que se mantém na nossa informação genética, o elo de que o ser humano tem que procurar algo por que lutar, se não endoidece.
A guerra é fruto da inteligência humana. Ou seja, a inteligência humana afirma que certas leis devem ser seguidas, mas é também a inteligência humana que leva a contestar as guerras, a vê-las como artificiais, como uma quimera, como algo que não estão habituados (pois na selva a única regra que existe é comer e ser comido), então quebra-as, levando o outro partido à guerra. Com a sua rebelião, o ser humano leva nações, famílias, povos, ideais, à luta e com isso ganha muito mais do que com a paz. A guerra é uma desgraça — disso não há dúvida —, mas e agora colocando uma pergunta polémica: e se for necessária guerra para manter o balanço entre o tamanho da população humana? Se calhar, na natureza, a guerra é vista como sendo uma regularização, um mero exercício de que "a população está a aumentar, por isso é necessário que o homem traga algum conflito para a diminuir". As vidas humanas não contam em guerra, meros traços riscados na parede para contabilizar os estragos, mas a guerra importa na vida dos seres humanos.
O ser humano tem que ultrapassar, tem que rasgar a sua ideia de ser humano. Há algo no ser humano que não proveio do material genético herdado da selva, mas antes a algo que está conectado com o Universo. Vejo isto porque a maioria das pessoas tem a capacidade de intuir algo que se passa por detrás das cenas, do véu; isto é, como existe intuição humana, coisa que não é possível num animal, dado que este apenas age por instinto e só conhece a realidade que conhece, o ser humano tem a capacidade de ver o que não existe e assim de se separar da mente animal. A mente humana é, portanto, uma faca de dois gumes entre o animalesco e o que se costuma chamar alma. As duas fazem o ser humano. Mas este tem o poder de escolha. O ser humano pode escolher, portanto, a paz ou a guerra, sendo a paz vinda de um reino que não conhecemos e a guerra vinda do reino dos macacos.
Será que o homem está à altura de manter a paz? A resposta depende de muitos factores, um deles é que mesmo que houvesse paz, nem todas as pessoas estariam em paz para consigo (visto cada um ser um ser complexo) e assim manifestar-se-ia a guerra. Ausência de guerra só seria possível caso todos nós estivéssemos em paz connosco, pois a guerra é só a manifestação da discórdia interna. A discórdia interna, que nasce do gap entre aquilo que se é com aquilo que se quer ser. A vida é, pois, uma luta interna e só o facto de haver luta interna é uma consequência do facto de o homem nunca estar em paz.
Por outro lado, quando acabará a guerra? Braços bem abertos, cada um se mantém só e cada um é um casulo. No momento em que cada ser humano se identificará um no outro e se reconhecerá como irmãos e irmãs, frutos do mesmo antepassado, a guerra acabará. Pois, no momento em que nos reconhecermos como tal, estamos a afirmar que o ser humano já atingiu o que quer ser e que a inveja se dissipará como uma nuvem.
A guerra é pois um confronto de ideais e desses ideais surgem novas leis. A guerra tem esse lado positivo de fazer tombar o que era antigo e arcaico, para dar origem às novas ideias, dar origem e lugar aos novos pensamentos da humanidade, para que a humanidade evolua e continue a prosperar, que a vida continue a correr como um regato sem fim. Ou seja, a guerra serve para rasgar velhos padrões, para dar origem aos mais novos, para que um dia o mundo seja mais justo e mais acolhedor. Caminhemos em direcção à paz, pois o ser humano está passo a passo mais perto dela, e que a paz, no fundo, se for como forma de nos complementarmos uns aos outros, será a mais valia do ser humano.