Dead Combo, ou a vitória exuberante de uma música com mil caras
No primeiro dos seus dois concertos no Teatro da Trindade, na noite de 25 de Julho, os Dead Combo fizeram uma festa de sons e histórias, aplaudida com entusiasmo pelo público que enchia a sala.
Fechou com chave de ouro a primeira série de concertos do ciclo Há Música no Trindade. Depois das diferentes guitarras de Tatanka, Yamandú Costa e José Manuel Neto, soaram as dos Dead Combo, num espectáculo que, revisitando quase todos os seus discos (só um ficou de fora, Guitars From Nothing, de 2007), ali se impôs como algo realmente novo.
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Fechou com chave de ouro a primeira série de concertos do ciclo Há Música no Trindade. Depois das diferentes guitarras de Tatanka, Yamandú Costa e José Manuel Neto, soaram as dos Dead Combo, num espectáculo que, revisitando quase todos os seus discos (só um ficou de fora, Guitars From Nothing, de 2007), ali se impôs como algo realmente novo.
Das ambiências criadas por Pedro Gonçalves e Tó Trips já muito se disse. E as músicas que povoam os seus discos e concertos transportam sempre algo misterioso, cinemático, transversal a vários géneros, provocador de sensações múltiplas, tantas são as referências que se cruzam nas malhas das suas cordas ou no som dos instrumentos convocados para ajudar à festa, sejam eles a Royal Orquestra das Caveiras, As Cordas da Má Fama ou músicos avulsos que se integram no espírito geral desta música de mil caras. Porque se os temas (que já são tantos) se repetem noutra noite que não aquela em que se estrearam, hão-de soar de modo diferente, pois parecem estar sempre em constante renovação.
O primeiro dos dois concertos dos Dead Combo no Teatro da Trindade, com três músicos convidados (Bruno Silva, viola; João Marques, trompete; e Mick Trovoada, percussões), confirmou, e de forma superlativa, essa salutar tendência. Ouviram-se mais temas de A Buch of Meninos (oito, num total de 23) do que dos restantes discos (cinco de Lusitânia Playboys e três de cada de Vol. 1, Quando a Alma Não é Pequena e Lisboa Mulata), mas isso era esperado.
O arranque, ainda assim, fez-se numa quase obscuridade, com Pedro Gonçalves a tocar Mr. Snowden’s dream num piano vertical, seguindo-se, já com Trips na guitarra eléctrica, Pacheco e Povo que cais descalço. Temas com histórias dentro, que Trips ali ia explicando, histórias que nos remetem sempre para passados perdidos na bruma do tempo mas que ressurgem na música do duo com esplendoroso vigor: Dona Emília (que estava na sala), Rodada, Cachupa man ou Quando a alma não é pequena. Seguiram-se, depois, dois temas de Lusitânia Playboys (Lisbon Berlim e Enraptured with lust) e uma sequência apresentada como de “serenata à família”: Zoe llorando (Zoe é a filha pequena de Pedro), Welcome Simone e Esse olhar que era só teu. Depois, mais histórias, outros cenários (as luzes e projecções iam ajudando a adensá-los): Miúdas e motas, Cuba 1970, Mr. Eastwood, Rumbero (inspirado num rum com esse nome no rótulo, que na verdade era um rum bera – “não o bebam!”, avisou Trips), Lusitânia playboys, Eléctrica cadente, A bunch of meninos e, em festiva dança, Lisboa mulata.
No encore, vieram mais três: Like a drug (dos Queens of The Stone Age, que eles já tinham gravado em Lusitânia), A menina dança e uma música nova, ainda sem nome, mas que no seu irresistível balanço promete; por ela e pelo novo disco onde virá.
Depois dos Dead Combo, o ciclo Há Música no Trindade voltará em Outubro. Primeiro com Salvador Sobral, convidado muito antes da sua vitória na Eurovisão (dias 6 e 7); depois Vitorino com João Paulo Esteves da Silva e Filipe Raposo (13 e 14); e Frankie Chavez (27 e 28). Em Dezembro, fecha com Mário Laginha e Tcheka (dias 15 e 16).