Bairro da Cruz Vermelha, em Lisboa, será demolido em 2019 após realojamentos
Os edifícios têm "graves patologias construtivas” e, ao mesmo tempo, verificam-se “problemas profundos de segurança, relacionados com a criminalidade existente”, diz a câmara
A Câmara de Lisboa avançou nesta sexta-feira que a demolição integral do Bairro da Cruz Vermelha, na freguesia do Lumiar, deve ocorrer em 2019, depois do realojamento dos moradores em novos ou reabilitados fogos.
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A Câmara de Lisboa avançou nesta sexta-feira que a demolição integral do Bairro da Cruz Vermelha, na freguesia do Lumiar, deve ocorrer em 2019, depois do realojamento dos moradores em novos ou reabilitados fogos.
Em reunião privada, o executivo municipal (composto pelo PSD, PCP e CDS-PP e pela maioria PS, que inclui o movimento Cidadãos por Lisboa) aprovou, por unanimidade, a contratação de uma empreitada de 12,3 milhões de euros para a construção de 130 fogos onde serão realojados os moradores do Bairro da Cruz Vermelha, depois da demolição integral daquele edificado.
Em declarações à agência Lusa, a vereadora da Habitação, Paula Marques, assegurou que “o bairro só será demolido quando as pessoas estiverem realojadas, seja nas casas novas ou em fogos reabilitados”, processo que será feito “de acordo com a vontade” destes residentes.
A autarca explicou que, no caso de alguns moradores quererem ir para fogos reabilitados, a Câmara vai verificar as casas municipais desocupadas nas proximidades que podem ser alvo de obras.
Recordando que a autarquia encarregou a Empresa de Gestão do Arrendamento Social em Bairros Municipais de Lisboa (Gebalis) de fazer obras de manutenção nos edifícios, Paula Marques indicou que não haverá realojamento temporário destes moradores.
A proposta aprovada, a que a Lusa teve acesso, explica que “o actual contexto urbano do Bairro da Cruz Vermelha é o de um espaço público degradado e descaracterizado, apresentando os edifícios graves patologias construtivas” com a “degradação de zonas estruturais e deterioração das áreas comuns”.
Ao mesmo tempo, verificam-se “problemas profundos de segurança, relacionados com a criminalidade existente”.
Segundo o documento, a autarquia estudou “três hipóteses de intervenção”, que assentavam na reabilitação dos sete lotes existentes, na requalificação de alguns lotes e demolição dos restantes ou na demolição integral do bairro.
“Só pesadas todas as variáveis, os respectivos benefícios e desvantagens, conclui-se que apenas a demolição integral daquele Bairro e realojamento das famílias noutros imóveis poderá pôr termo à situação de isolamento e insegurança que actualmente ali se vive”, lê-se.
Por essa razão, o município decidiu realojar os 296 moradores do bairro na zona da Alta de Lisboa, já na freguesia de Santa Clara.
Em causa está a construção de 130 fogos para o realojamento conjunto, solução que permite “manter as relações de vizinhança, entreajuda e proximidade que existem no actual bairro entre os residentes mais antigos, aspecto muito valorizado pela população nas reuniões de auscultação que tiveram lugar no âmbito do estudo preparatório da proposta de intervenção”.
“O novo local fica a menos de um quilómetro”, notou Paula Marques, apontando que nas reuniões tidas com os residentes lhes mostrou as acessibilidades (em termos de transporte, por exemplo) da nova zona.
A empreitada terá um preço base de 12.354.821,8 euros (já incluindo o Imposto sobre o Valor Acrescentado – IVA) e um prazo de execução fixo de 600 dias (cerca de 20 meses).
Questionada sobre a futura utilização do espaço do bairro, criado no início da década de 1980, Paula Marques referiu que “a ideia é transformar aquele num espaço público de fruição”, dado que a praça ali existente foi requalificada recentemente.